Quer ler este texto em PDF?

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

DISTINÇÃO

Francisco das Chagas Rodrigues nasceu na terra piauiense de Parnaíba. Elegeu-se deputado federal para a legislatura de 1951 a 1955, pela antiga União Democrática Nacional. Reelegeu-se para o quadriênio parlamentar seguinte, já agora nas hostes do Partido Trabalhista Brasileiro. No pleito eleitoral de 1958, mereceu dupla eleição: para a Câmara dos Deputados e para o governo do Piauí. Deu preferência ao mandato de governador, assumindo o cargo a 31 de janeiro de 1963. Realizou profícua obra administrativa, dedicada aos humildes, aos pobres, aos desfavorecidos. Progressista e corajoso. Prestigiou o 1º Congresso Eucarístico do Piauí, implantou sociedades de economia mista. Criou a Comissão de Desenvolvimento do Estado, que se transformaria em Secretaria do Planejamento. Constituiu-se, no seu tempo, a Companhia Hidrelétrica de Boa Esperança. E expandiu de modo extraordinário a rede do ensino secundário a fim de que os pobres tivessem acesso ao estudo. Renunciou ao mandato em 3 de julho de 1962. Desincompatibilizou-se para candidatar-se a deputado federal, eleito pelo Partido Trabalhista Brasileiro, na legislatura de 1963-1967. Outra vez se elegeu. Assumiu a cadeira a 1-2-1967. Desta vez teve o mandato cassado e os direitos políticos suspensos por dez anos, injustiça clamorosa e estúpida contra um dos mais brilhantes membros do Congresso Nacional, uma das muitas perversidades do regime militar iniciado em 1964. Com a anistia, Chagas Rodrigues voltou às atividades partidárias, filiado no PMDB. Não logrou vitória. Derrotou-o o eleitorado interiorano. Mas em 1986, com expressiva maioria concedida pelo povo de Teresina conquistou um lugar no Senado da República e na Constituinte.

Como governador do Piauí, o ilustre homem público teve dois erros políticos insanáveis: 1) a desarmonia com o Poder Judiciário, que quase acarreta intervenção federal no Estado e 2) a tentativa de liquidar a liderança que surgia, a do prefeito de Teresina, Petrônio Portella, da União Democrática Nacional, agremiação coligada com Chagas e que com ele rompeu para a solidariedade a Petrônio, vitorioso na eleição seguinte para o governo.

Chagas Rodrigues desenvolveu aplaudida e admirável atuação na Constituinte. Corajoso, sem arrefecimento, jamais azinhavrou o mandato trocando-lhe a honorabilidade por prebendas e vantagens amorais. Dignificou a sua gente. Li que uma entidade ligada aos trabalhos do Congresso Nacional lhe concedeu nota dez, premio maior da sua compostura e da luta incansável em favor dos humildes, dos pequeninos, dos operários. Votou por reformas necessárias e oportunas.

A gente se envaidece de ver conterrâneos assim, na medida da sua grandeza cívica.


A. Tito Filho, 09/10/1988, Jornal O Dia.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

NOVA EDIÇÃO

Ingressou o Piauí no século XIX de modo precário, tardio povoamento, dificuldades de comunicação com o Brasil e o mundo, exclusivo comércio de boi, ausência de agricultura, falta de escolas - fracas perspectivas, pois na centúria que se iniciava.

A primeira metade dos novos cem anos constitui objeto do estudo que expõe, apoiada sobre sérias fontes de conhecimento, a Professora Miridan Britto Knox, bem documentada, - uma documentação que ela confere, examina e de que retira a verdade, para a narrativa segura e a análise esclarecedora.

O período que ora se registra e interpreta tem características esmorecedoras: economia de subsistência, riquezas estagnadas, comércio e lavoura em imensas dificuldades, pecuária decadente, tristes condições educacionais. Não se pode ignorar, porém, que o Piauí, se envolveu em movimentos revolucionários - dois, sobretudo, a Independência e a Balaiada.

No alvorecer do século XIX, o ouro, o diamante e o açúcar declinavam no Brasil. O norte valia dois terços de atividade útil do território nacional. Se o comandante português Fidié mantivesse o Piauí fiel aos lusitanos, como queria D. João VI, Portugal dominaria a nossa fartura em gado e evitaria a vitória dos baianos, na luta pela emancipação politica, cortando-lhes o fornecimento de carne. Maranhão, Pará e terras piauienses formariam o Brasil Português, subordinado a Lisboa. Tal não se deu.

Fidié abandonou a sede do governo e seguiu com a tropa para Parnaíba, município em cuja sede se fez manifesto em favor da independência. Ausentes os soldados e respectivas armas. Manuel de Sousa Martins, futuro Visconde da Parnaíba, instituiu em Oeiras, então capital, administração por ela chefiada. Depois, em março, deu-se a sangrenta Batalha do Jenipapo no Piauí, que selou a unidade brasileira. A definitiva derrota dos exércitos portugueses se verificava poucos meses depois, em Caxias do Maranhão.

A guerra violenta dos balaios, no Maranhão e no Piauí, tem causas num choque de culturas. As origens próximas da luta estavam na prática perniciosa do recrutamento feito pelo Exército, obrigando-se que pobres caboclos entrassem para o serviço das armas, longe da terra e da família. As origens mais graves, entretanto, eram outras: as condições de ordem econômica geradoras de permanente angustia coletiva; a terra confiada a poucos, aos que representavam o regime político e que viviam de explorar o homem do interior, bem assim a fome e a estrutura social, o brasileiro esquecido e abandonado.

Mestre universitária estudiosa, pesquisadora de aplaudida probidade. Miridan Britto Knox reúne palpitantes e aplaudidos estudos de natureza social e politica, fiel aos ensinamentos históricos, - e assim contribui de modo louvável para relembrar o passado piauiense, que ela busca em fontes primárias de irrecusável valor.

Estamos providenciando uma segunda edição desses importantes estudos.


A. Tito Filho, 08/07/1988, Jornal O Dia.


domingo, 26 de setembro de 2010

JOÃO ALFREDO

Nestas crônicas despretensiosas e desajeitadas, escritas no dia-a-dia desta vida de intensas agitações, lembrei a figura ilustre de José Manuel de Freitas, piauiense de Jerumenha, e fiz referencia a alguns dos seus filhos vitoriosos, entre os quais João Alfredo de Freitas, nascido em 1862, em Teresina.

No Recife, no curso da Faculdade de Direito, dedicou-se a estudos filosóficos e literários, tornando-se um dos mais vigorosos espíritos do seu tempo.

Retornado a capital piauiense, desempenhou funções de promotor. Exerceu o jornalismo. Magistrado por pouco tempo no Maranhão. Retornando ao Recife, entregou-se à advocacia e ao magistério. Aí fundou, com Clóvis Bevilaqua, jornal de filosofia, jurisprudência e literatura. Conceituado professor de matemática. Doente, viveu em Garanhuns (PE) e Fortaleza (CE). Aparentemente readquiriu a saúde. Chefe de polícia do Rio Grande do Norte. Vieram-lhe contrariedades políticas. Depostos os governadores nos primeiros tempos republicanos, esteve preso. Readquiriu a liberdade, volveu ao Recife, onde faleceu a 1-1-1892.

Um dos mais brilhantes piauienses do século passado, somente em 1986 recebeu do prefeito Wall Ferraz a justa homenagem de ter o nome numa via pública da cidade onde nasceu esta criatura de José Antônio Saraiva, chamada Teresina.

O piauiense desconhece quase completamente os valores da sua história e da sua literatura. Um povo assim não vive, vegeta.

Inegável a ingente atividade intelectual de João Alfredo de Freitas, consagrado valentemente aos livros, para suprir falhas dos estudos anteriores. Conseguiu, como salientou Clodoaldo de Freitas, uma orientação cientifica séria e metódica, suficiente para abrir-lhe a porta e dar-lhe ingresso nos vastos domínios da filosofia e do conhecimento.

Publicou "Contentos", contos tirados do natural, de cenas enternecedoras, originais, assim como que, na opinião de Clodoaldo, poemas de amor não metrificados, idílios castos do coração; "Excursão pelos Domínios da Entomologia", importante trabalho sobre a formiga, que lhe valeu reputação no mundo cientifico, e o esmerado "Escorços de Etologia Entômica".

Saíram em jornal alguns capítulos do seu romance "Três Botões de Rosa". Editou ainda o substancioso e profundo livro intitulado "Lendas e Superstições do Norte do Brasil", pouco conhecido dos nossos estudiosos de folclore.

Infelizmente, o Piauí ignora os filhos que o honraram e enalteceram nos domínios da inteligência. Entregou-se nossa terra a rotina da publicidade de ídolos culturais de barro, gente que não resistiria a um ditado na escola da inesquecível mestre de primeiras letras, a virtuosa Sinhá Borges, do começo do século.


A. Tito Filho, 08/04/1988, Jornal O Dia.   

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O FUNDADOR

Teresina tem homenageado pouco os seus benfeitores e filhos ilustres com bustos e estátuas e outras marcas sinaladoras de fatos e personalidades. Lembrei-me destes bustos de Pedro II, Rio Branco, Getúlio Vargas, Santos Dumont, estátuas de Helvídio Ferraz, Saraiva, Frei Serafim, Teotônio Vilela e Cardeal Avelar Brandão Vilela, monumentos artísticos à memória de Teresa Cristina e Motorista Gregório.

A mais antiga homenagem se prestou a José Antônio Saraiva, o fundador, na praça da Constituição, hoje Marechal Deodoro: "Uma subscrição popular que teve logo o apoio de todos os teresinenses, sem distinção de partidos, angariou facilmente vultosa importância para tal fim. Fez-se então, para o Rio de Janeiro, a encomenda de uma coluna de mármore, com inscrição apropriada, para coroar uma pirâmide comemorativa que seria levantada no centro da praça" - escreveu o querido padre Joaquim Chaves.

A coluna chegou a Teresina pelo vapor "Uruçuí", o primeiro a navegar pelo Parnaíba. Era o dia 19 de abril de 1859.

Copio ainda de Chaves as inscrições na base da coluna de mármore:

JOSEPHUS ANTONIUS SARAIVA
HANC URBEM CONDIDIT
ANNO D. NI - MDCCCLII

Na outra face está:

PIAUHYENSES
GRATI HOC FECERUNT
ANNO D. NI
MDCCCLVIII

Como se vê as datas da Coluna do Saraiva seriam 1852 e 1858, mas a verdade está em que a encomenda do Rio só chegou a capital em 1859, inaugurada a 21 de agosto do mesmo ano.

O fato foi comunicado a José Antônio Saraiva, na Bahia, que agradeceu nos seguintes termos:

"O Exmo. Sr. José Mariano Lustosa do Amaral, 1º vice-presidente da Província, teve a bondade de comunicar-me estar concluído o monumento, que deve perpetuar a memória de meus pequenos serviços prestados a essa Província por ocasião da mudança de sua capital para a margem do Parnaíba.

Essa comunicação coloca-me na obrigação de renovar meus agradecimentos a todos os que concorreram para semelhante acontecimento.

Estava seguro de que os piauienses, sem exceção de um só, far-me-iam um dia a justiça de crer na sinceridade e dedicação com que promovi a realização do pensamento mais fecundo, que até hoje tem ocupado a atenção do corpo legislativo provincial, e a navegação do belo rio Parnaíba, conseqüência inevitável da mudança da capital, determinaria a época em que seriam avalizadas minhas intenções.

Não supunha, porém, que a generosidade dos piauienses fosse além de minhas esperanças, e de meus votos, e lhe tivesse de dever a honra maior a que poderia aspirar, isto é, a do reconhecimento público e solene de meus insignificantes serviços.

Penhorado por essa honra, que deve acoroçoar a todos os altos funcionários do país, sinto-me de hoje em diante na necessidade de provar à Província do Piauí, de onde trouxe as mais belas recordações de minha vida pública, que nunca esquecerei o cavalheirismo com que recompensou os esforços do mais obscuro e do mais grato de seus admiradores.

Bahia, 18 de outubro de 1859.

José Antônio Saraiva"


A. Tito Filho, 09/04/1988, Jornal O Dia.

AREOLINO

Tinha o nome todo de Areolino Antônio de Abreu, nascido em Teresina, ano de 1965. Faleceu em União (PI), 1908. Doutor em medicina pela Faculdade da Bahia. Professor de português e matemática. Na capital piauiense desempenhou elevadas funções. Deputado provincial. Presidente do Conselho Municipal e do Tribunal de Contas. Vice-governador do Piauí. Na ausência do governador Álvaro Mendes para Parnaíba, assumiu o comando administrativo a 11 de dezembro de 1905, nele permanecendo até 2 de abril de 1906, quando teve oportunidade de criar o Asilo dos Alienados, que a plebe chamava de Asilo dos Doidos, depois denominado Hospital Psiquiátrico Areolino de Abreu. Com a morte de Álvaro Mendes a 5 de dezembro de 1907, assumiu definitivamente o governo para completar-lhe o mandato.

Adoentado, Areolino entra no gozo de licença por seis meses, concedida pelo Tribunal de Justiça, a partir de 1-1-1908, e transmitiu a chefia do Executivo ao Desembargador José Lourenço de Morais e Silva, presidente da Egrária Corte, em virtude de haver terminado o mandato do presidente da Assembléia Legislativa, o deputado Flávio de Sousa Mendes, que se julgou com o direito de assumir o governo. Na tarde do dia 6 de janeiro de 1908, instalou-se no palácio governamental, comunicou a todos que havia tomado posse e nomeou o major Evaristo Mendes para o comando da Polícia Militar. Em face de tais acontecimentos, que estiveram a ponto de abalar a ordem pública, Areolino de Abreu reassumiu a governança no dia 7 de janeiro de 1908. O deputado Flávio foi convidado a retirar-se do palácio por uma força policial comandada pelo alferes Gerson Edison de Figueiredo, que teve imediato atendimento.

Areolino de Abreu governou até 31 de março de 1908. Falecendo, tomou posse definitiva da administração o desembargador José Lourenço, que lhe completou o mandato até 1 de julho de 1908.

Como jornalista, Areolino teve brilhante atuação nos órgãos de imprensa de Teresina. Orador muito eloqüente. Poeta, deixou várias poesias esparsas, produzidas, segundo João Pinheiro, quase na sua totalidade, entre os anos de 1880 e 1882. Publicou GLICOSÚRIA, trabalho de medicina. O seu filho Wladimir de Abreu coligiu e publicou-lhe as peças oratórias sob o título de DISCURSOS.

Quando fez o elogio de Anísio de Abreu, assim escreveu Cristino Castelo Branco: "Seu irmão Areolino de Abreu, de igual valor, teve projeção menor por haver ficado dentro do Estado exercendo suas atividades de médico e de político, revelando-se igualmente orador primoroso, que a todos encantava. Condenava os improvisadores dizendo que nada se deve dizer sem reflexão, muito menos falar em público. Seu discurso no primeiro dia do século, com uma alta visão da sociedade e do mundo, é peça admirável, de beleza rara. Como o irmão, morreu também governando o Piauí".

Areolino figura na Academia Piauiense de Letras como patrono da cadeira 5, ora ocupada por J. Miguel de Matos.


A. Tito Filho, 06/07/1988, Jornal O Dia.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

ASSIM VEJO TERESINA

Vejo-a sem a minha infância, sem os dias queridos que não voltam mais, as saudades provocando nó na garganta, um choro que não consola. Sem o Cai-Nágua, o cabaré das garotas de segunda classe, perto do Parnaíba, que os meus olhos de adolescentes desejavam, mas os cânones da época proibiam. Sem os circos, na praça Deodoro, grandões, palhaços engraçados, ameaçando as velhotas atiradas com o troncudo pedaço de macaxeira. Na frente do imenso toldo, dezenas de bancas, na venda de frutas descascadas, refresco, sorvete de gelo rapado e mel de fruta, gostoso como o diabo, frito de carne de porco, beiju salpicado de farelo de coco. No calor das tardes, máquina equilibrada na rodinha da cabeça, com a manivela de rodar e fabricar o melhor sorvete do mundo, o caboclo, alpargata chiadeira, passeava as ruas, a vender a guloseima.

Vejo-a sem o paga-pinto gelado, que a gente ia comprar, oito da noite, na jarra, uns oito copos, para a família à espera na roda da calçada. Sem o Doutor, dono de frege, estabelecimento modesto, mesinhas sem toalhas, pimenta malagueta danada, cachorros gafentos e famintos à espera do osso que o freguês alisara, depois de engolir tripa e bucho, a panelada da cidade, a cinqüenta metros da praça Rio Branco. Sem o Bar Carvalho, de elite, vendia cafezinho, chocolate com ovo e sem ele, sobretudo o filé de grelha, enfeitado de ervilha, azeitona, alface e farofa. Manjar dos deuses, do cozinheiro espanhol Gumercindo, um mágico em comedorias.

Vejo-a sem o alarido das pipiras tentadoras - as mocinhas pobres, empregadas na Companhia de Fiação e Tecidos Piauiense, ruído de máquinas o dia todo. As garotas, vestidinhos de chita, merendavam banana, daí o apelido que a crônica registra.

Vejo-a sem a presença de Celso Pinheiro, poeta e tuberculoso, fatiota branca engomada e reluzente, chapéu de palhinha, gravata borboleta... Irreverente... Sem Higino Cunha, mestre verdadeiro, a caminhar pelas vias públicas, aqui e ali o trago de bebida destilada... Sem Pedro Brito, calças velhas de mescla, cornimboque de rapé nos bolsos largos, suado, a ironizar homens importantes...

Vejo-a sem as funcionárias domésticas, mocinhas morenas, que o povo denominava curicas, porque recebiam o prato de comida no peitoril da residência... Cabodinhas de pé de esquina, na cidade pouco iluminada... Sempre perdiam a cabeça para o filho-familia, o moço dengado.

Vejo-a sem o cabaré da Raimundinha, alegre, as meninas de vestido abaixo do joelho, cada qual com sua alcova de deitar com quantos machos obtivesse na noite comprida... Tiravam a roupa de luz apagada... Que tempo!


A. Tito Filho, 08/11/1988, Jornal O Dia.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ANTONINO

Nasceu em Amarante (PI), 1876, e faleceu em Teresina, 1934. Pais: Francisco Rodrigues da Silva e Carolina Maria Freire da Silva. Estudos secundários no Liceu Piauiense, Diplomado em engenharia civil pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde foi funcionário dos Correios. Em Teresina desempenhou elevadas funções: diretor das Obras Públicas (1908), vice-governador e governador. Deputado federal pelo Piauí, depois reeleito, e eleito senador. Mais uma vez deputado e outra vez senador.

Enobreceu o magistério da matemática e história natural.

Como chefe do Poder Executivo fez a reforma da instrução pública, criando a Escola Normal, que posteriormente teve o seu nome (hoje Instituto de Educação Antonino Freire). Fundou a Escola Modelo confiando-a a competência e dedicação de Firmina Sobreira. Criou a Imprensa Oficial, a Biblioteca Pública, reformou a Justiça, iniciou os serviços de energia elétrica de Teresina e conseguiu o aumento da rede telegráfica do Estado. Teve a iniciativa da navegação do Alto Parnaíba, incentivou o tráfego ferroviário, reorganizou a Polícia Militar. Construiu estradas pioneiras e o serviço de abastecimento dágua da capital piauiense.

Como político e administrador foi sobretudo seguro na organização de métodos e processos que tanto o notabilizaram. E jamais faltou com o dever de ser leal às amizades. Sereno, era eficaz nas decisões.

Para a sua inteligência, havia necessidade de desenvolver os meios de transporte do Parnaíba, por barcos e vapores, até Santa Filomena.

Jornalista brilhante e combativo. Fundou e dirigiu jornais, neles escrevendo aplaudidos e substanciosos artigos.

Publicou: "Limites do Piauí", estudo de questões territoriais com o Maranhão, e "Limites entre os Estados do Piauí e do Maranhão", de estilo claro, examinando os assuntos com inteira imparcialidade, como historiador desapaixonado.

Foi um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico Piauiense.

A seu respeito escreveram:

- Higino Cunha: "Era, incontestavelmente, uma figura representativa e culminante da sociedade piauiense, que lhe deve serviços inolvidáveis na obra do seu desenvolvimento cultural".

- R. N. Monteiro de Santana: "Como político, não tinha paixões nem ódios. Era destemeroso e incansável".

Chamou-se ANTONINO FREIRE DA SILVA. Foi um dos melhores governadores do Piauí, falando-se dos mortos. Homem de visão. De inatacável probidade. Era vice-governador. Com a morte o presidente da Assembléia Legislativa, Manoel Raimundo da Paz, que transmitiu a administração a Antonino.


A. Tito Filho, 05/08/1988, Jornal O Dia.  

sábado, 18 de setembro de 2010

POESIA

De Mogi das Cruzes, simpática comunidade paulista, Inocêncio Candelária, expoente de sua vida literária, escreveu:

O poeta de "Na Boca do Vulcão", Nelson José Nunes Figueiredo, tem inspiração original e tem o poder da imaginação fértil. Liberto das tradições da forma e do fundo da poesia clássica, ele cria conceitos e imagens arrojadas do seu pensamento do poeta modernista, de artista das novas concepções da poesia livre.

Nascido e sentindo os ideais de minha juventude no apogeu da Escola Parnasiana, com os seus poetas-líderes Machados de Assis, Olavo Bilac, Luiz Guimarães Júnior, Afonso Celso, Raimundo Correia, Vicente de Carvalho, Guimarães Passos, Amadeu Amaral e outros, sempre admirei e admiro a poesia de outras Escolas, quando trazem o talento e a arte sentimental do poeta.

Em todas as Escolas, no parnasianismo, no simbolismo, e outras, no modernismo, com todas as suas ramificações, há os bons poetas e os maus poetas, os poetas de fato poetas e aqueles que se esforçam em sem artes, para sê-los. Por isso há poesias agradáveis ao espírito do leitor e as que passam despercebidas, sem gravação ou emoção sentimental do leitor, tanto nas produções submetidas a forma e fundo, quanto nas desligadas das formalidades clássicas.

O poeta Nelson José Nunes Figueiredo, piauiense da geração pós-6ª, liberto das trincheiras de poesia metrificada e rimada, com o vulcão de sua alma sentimental e o valor da imaginação ardente do seu espírito de artista, tem no seu livro "Na Boca do Vulcão", versos de bom poeta, versos vibrantes que permanecem, que ficam no subconsciente do leitor, pela singularidade de suas idéias estéticas, dentro da Escola Modernista. Na sua poesia há inquietude e sentimento real da vida, subjetiva, interiorizada. Há no presente livro poemas interessantes como "Fábrica", "Phoemhomérios", "A Cinderela", "O Poema e a Máquina", "Armadilha", "Flash Noturno", "O Exército da Rosa". Para dar a verve do poeta Nelson Nunes, transcrevemos aqui o seu poema "Fábula" do seu presente livro:

"O mar/céu subterrâneo/cheio de mistério/e as estrelas apagadas/No fundo claroescuro das águas/algumas estrelas caídas viram peixe/outras/os peixes comem/Um dia/um pescador comeu um peixe/que havia comido uma dessas estrelas/e toda a sua fome se transformou em luz".


A. Tito Filho, 04/10/1988, Jornal O Dia.  

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

AVELAR

Avelar Brandão Vilela nasceu nas Alagoas, em 1912. Sacerdote da Igreja Católica em 1935, com exercício do seu ministério em Aracaju. Professor de português e literatura. Cônego aos 27 anos. Iniciou trabalho sério na recristianização da sociedade. Assumiu o bispado de Petrolina (PE), em 1946, o mais jovem bispo do Brasil. Estimulou programas sociais para dignificar o homem no desolador quadro nordestino. Arcebispo de Teresina, 1956, adotou o lema evangelização e humanização. Criou a Ação Social Arquidiocesana, a Rádio Pioneira, a Faculdade Católica de Filosofia. Restaurou o Colégio Diocesano. Promoveu o primeiro Congresso Eucarístico da capital piauiense. Exerceu importantes funções na Conferencia Nacional dos Bispos. No Conselho Episcopal Latino-Americano desempenhou diversos mandatos, entre os quais o de presidente. Participou de reuniões internacionais em Chicago, Nova Iorque e Washington.

Nomeado por Paulo VI, tomou posse como o 23º Arcebispo de Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, o sólio primacial do Brasil. Enfrentou a etnia religiosa. Desenvolveu luta persistente contra a miséria e a dor na cidade e no campo. Defendeu os direitos humanos. Deu especial atenção à religiosidade popular. Hospedou na sua residência particular João Paulo II. Animou a vida cultural baiana.

Extraordinárias as comemorações do seu jubileu, em 1985, sempre a serviço da Igreja e do homem. Faleceu em Salvador, 19-12-1986.

Deixou importantes homilias e sermões, discursos e pronunciamentos publicados sobre assuntos diversos. Grande orador sacro, de linguagem sóbria, correta, de profundas mensagens humanas e sociais. Pertenceu a inúmeras associações e mereceu numerosos títulos de cidadania e diplomas de mérito. Membro da Academia de Letras da Bahia.

Principais trabalhos intelectuais: "Oração aos Médicos", "Amazônia: Esperança e Desafio", "Filosofia e Desenvolvimento" e "Prece que brota da vida".

Em Teresina muito incentivou o movimento socialista rural, atraindo odiosidades e malquerenças de rançosos latifundiários e exploradores do homem abandonado do interior. Enfrentou os poderosos, sem recear iras e furores. O movimento militar de 1964 julgava-o perigoso de idéias.

Mais de uma vez conversei com esse admirável pastor de almas e lutador por causas populares. Admirei-o na coragem cívica e na fé cristã, na tenacidade com que agia em defesa dos princípios de sua crença.

Um dia entrevistei-o sobre o grave problema da castidade dos sacerdotes católicos, circunstancia que se chocava contra a natureza humana do sexo. Disse-me que o padre podia muito bem sublimar-se e abdicar, assim educado espiritualmente, dos prazeres carnais.

Acreditava na socialização dos bens essenciais da vida. O homem tem direito ao alimento, à habitação humana, à educação, à liberdade de ser gente.

Foi orador único, em nome de Teresina, na solenidade bonita e inesquecível, quando o Clero e a Academia Piauiense de Letras recebiam  as suas despedidas. Não esqueci o gesto de coragem por ele praticado quando a maledicência espalhou aos quatro cantos que o pastor cultivava arrochado namoro com uma diva de belezas tantas.

Aí se deu o espetáculo inesquecível. Depois eu conto.


A. Tito Filho, 02/06/1988, Jornal O Dia.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

NORONHA

Nasceu em Teresina, 1904, e faleceu em Paris, de regresso de viagem a Rússia, China e Japão. Os seus restos mortais foram sepultados no Brasil. Pais: Joaquim Antônio de Noronha e Amélia Costa de Noronha. Formado pela Faculdade Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro. Grande técnico, projetou toda a estrutura de concreto do Arsenal da Marinha (Ilha das Cobras). Tinha também a criatividade do artista. Calculista, escritor. Mestre admirado, simples, querido dos estudantes. Seus métodos de ensino foram adotados em faculdades do país. Exerceu a cátedra, conquistada em concursos brilhantes, na Faculdade Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, na Escola Politécnica da Universidade Católica do Rio de Janeiro, na Escola Técnica do Exército, na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil. Participou de concursos, como examinador, nas Universidades de São Paulo, Paraná, Bahia, Recife e Minas Gerais.

Obras mais importantes publicadas: "Fundações Comuns de Concreto Armado", "Métodos dos Pontos Fixos", "As Pontes em Quadro de Aço e de Concreto Armado", "Curso de Estabilidade das Construções" e "Curso de Pontes e Grandes Estruturas". Numerosos trabalhos técnicos foram inseridos em revistas especializadas.

Com devotamento e elevado sentido cívico, desempenhou cargos de relevância, dentre os quais: engenheiro-construtor de estruturas da Companhia Siderúrgica Nacional, engenheiro estrutural da Companhia Nacional de Álcalis, presidente da Companhia Brasileira de Concreto Protendido, presidente da Associação Brasileira de Pontes e Grandes Estruturas, presidente da Comissão de Estruturas da Associação Brasileira de Mecânica de Solo, membro da Associação Rodoviária do Brasil, vice-presidente do Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro, chefe do Departamento de Estruturas da Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil.

A sua grandeza mental e espiritual mereceu inúmeras homenagens. Doutor honoris causa pela Escola Politécnica Federal de Zurich (Suíça), membro-correspondente da Academia de Ciências Físicas e Naturais de Buenos Aires. Deu-lhe o Brasil a Ordem do Mérito Militar. Há, no Rio de Janeiro, no bairro das Laranjeiras, o "Viaduto Engenheiro Noronha". Participou da equipe que calculou o Estádio Maracanã. Conquistou prestígio internacional pela cultura, pela obra realizada, pela fértil inteligência.

A poetisa Nerina Castelo Branco salientou que "o nome de Alves de Noronha é, hoje, patrimônio universal. Deixou de ser do Piauí e do Brasil para pertencer ao mundo. Por ele falam obras de portes majestosos e difíceis reproduções porque o mestre Noronha - agora desaparecido - deixou lacuna impreenchível na esfera de alta matemática e da técnica categorizada das grandes estruturas".

Tinha o nome completo de Antônio Alves de Noronha.


A. Tito Filho, 02/09/1988, Jornal O Dia.       

terça-feira, 14 de setembro de 2010

ALARICO

Nesceu em São José das Cajazeiras, antiga Flores, hoje nobremente chamada Timon, nos derradeiros tempos do século passado, último dia de 1883. Fixou-se na cidade no começo deste atormentado século XX. Tornou-se comerciário, despachante aduaneiro e maritimo. Fundou escola para empregados no comércio e adotou muita atividade intelectual. Desprezou honrarias, vaidades e ambições. Viveu sempre na família, nas amizades conquistadas, nos caminhos da honradez.

Tinha formação filosofica. Pregou, em dezenas de preleções jornalisticas, o conhecimento espiritual claro, perfeito, digno de Deus e rigorosamente lógico.

Serviu-se da imprensa para difundir ensinamentos de sapiencia. Deus, para ele, dotou o homem de razão e liberdade moral e predestinou-o a membro de sua familia divina, imortal e eternamente feliz. Pela transcendencia das ideias, pelo equilibrio harmonioso da cultura, pela substancia que a informa, a obra de pensador de Alarico representa uma forte e gloriosa expressão de inteligencia. Estudou a inquietude do homem moderno, o canto de melancolia e o grito de desalento das massas, para concluir que o remédio dessa infinita tristeza do tempo estava em restituir a ele proprio o sentido do seu destino em Deus. Mais comovente a sensibilidade de Alarico como fonte inesgotável donde jorrava o imenso amor a todas as criaturas, porque a todas elas buscavam de braços abertos, em apelo fraterno.

A poesia desse esteta tem doçura melancólica e certo travo de desilusão magoada.

Jornalista, pensador, poeta, tres aspectos da atividade mental de Alarico, que comunica no que concebeu uma sensação de plenitude, de verdade, de beleza, que aproxima os homens de um destino de eternidade. Espalhar o bem foi das suas delícias intimas. Assim a vida inteira. Pregava e praticava. Doou-se aos semelhantes como as árvores e os astros, que concedem os frutos e a claridade.

Viveu quase sessenta anos em Parnaíba, como empregado de firma comercial e em seguida nos escritórios das agências das companhias estrangeiras BOOTH LINE* e HAMBURG AMERIKA LINE**, que muito o exploraram. Falava com facilidade o ingles e o alemão. Ainda exerceu as funções de despachante aduaneiro e vice-cônsul de Portugal.

Pertenceu a duas academias de letras - a Maranhense e a Piauiense.

Faleceu no Rio de Janeiro, [em] 1965.

Deixou ilustrada bagagem literaria, integrada de conferencias, poesias, narrativas, folclore, memorias, estudos filosoficos, sociologicos e teologicos. Publicou, entre outros, os seguintes principais trabalhos: "Discurso Maçônico", "Ode à Mendiga", "Cinema falado", "Exaltação à Beleza", "Nostalgia do Céu", "Oração Fúnebre", "Panegerico de um justo". Algumas obras jazem inéditas.

Narrador primoroso. Soube o oficio de escrever bem, com graça, elegancia e correção. As suas publicações tinham finalidade educativa e filantrópica.

Chamou-se Alarico José da Cunha.


A. Tito Filho, 06/04/1989, Jornal O Dia.  

_________________________________________________

* Companhia de navegação inglesa fundada em 1866 para prestar serviços para as regiões norte e nordeste do Brasil, incluindo a Amazônia.

** Companhia de navegação alemã fundada em 1847. Prestava serviços similares aos da Booth Line.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

FESTAS

A noticia da Lei Áurea chegou a Teresina no mesmo dia 13, mas de noite. Houve logo passeata de todas as classes sociais. Joel Oliveira, colecionador dos principais fatos de Teresina, conta que no dia seguinte, 14, o povo vibrou de entusiasmo. Houve intenso foguetório. Grande massa de gente organizou desfile e fizeram-se inflamados discursos.

Joel lembra que a 17, meio-dia, os negros libertos partiram da praça da Constituição (Deodoro), liderados por ilustres homens políticos, como o major Raimundo Lopes, o cônego Tomás Rego, os capitães Francisco Sampaio, José de Castro e Antônio Dinis, e dirigiram-se ao palácio do governo. Recebidos pelo presidente da Província Francisco José Viveiros de Castro. Houve discursos inflamados. Daí, com a musica da Polícia, a multidão percorreu as ruas e visitou jornais.

A 19, nova passeata, que saiu da Assembléia Legislativa, à noite. Foram oradores: Anísio de Abreu, Francisco Martins, Poliodoro Burlamaqui. O préstito percorreu as ruas da Glória (Lisandro Nogueira), Amparo (Areolino de Abreu), Palma (Coelho Rodrigues), Grande (Álvaro Mendes), Bela (Teodoro Pacheco), São José (Félix Pacheco) até a praça Saraiva. Novos oradores: Gabriel Ferreira, Teodoro Pacheco, Cônego Honório Saraiva, Padre Germano Araújo, Augusto Ewerton e outros. O médico Raimundo de Area Leão recitou poesias suas.

A 20 realizou-se a festa dos libertos. A avenida fronteira à igreja de São Benedito (Antonino Freire, hoje) amanheceu embandeirada e enfeitada de palmeiras (patis). Badalaram os sinos das igrejas. No templo citado houve missa. As escravas trajavam-se de branco com laços de fita azul. Celebração pelo cônego Tomás Rego. Presença do presidente da Província.

Terminadas as orações, povo e autoridades se encaminharam ao palácio do governo. Houve discursos. A multidão seguiu para a rua Grande, local da festa. Ouviram-se os drs. Sousa Lima e João Cabral.

Ao depois, almoço na residência do cônego. À noite, animadíssimo baile.

Como se observa do registro dos acontecimentos, que Joel Oliveira pesquisou, Teresina "recebeu jubilosa o ato de libertação de todos os cativos e, na medida de suas possibilidades, festejou condignamente o despontar de nova alvorada de promissão".

Em 1938, o governo Leônidas Melo, entidades diversas e as classes sociais promoveram grande solenidades cívicas comemorativas dos 50 anos da lei assinada pela princesa Isabel em nome do imperador Pedro II.


A. Tito Filho, 12/05/1989, Jornal O Dia.  

domingo, 12 de setembro de 2010

MANOEL FELÍCIO PINTO

A 4 de fevereiro, um sábado, cobriu-se de luto a Academia Piauiense de Letras com o falecimento de Manuel Felício Pinto, circunstância que consternou muito os seus colegas de instituição.

Nasceu ele num sítio do interior, na terra maranhense de Codó, a 15 de janeiro de 1896. Formou-se pela Faculdade de Direito da Universidade de Manaus, o Primeiro centro universitário brasileiro, e na capital amazonense exerceu a sua primeira função pública. Desempenhou cargos de magistratura em comarcas do Amazonas e do Maranhão. No Piauí, foi juiz de direito de União, Jaicós, Miguel Alves, Floriano, Campo Maior, Parnaíba e Teresina. Desembargador do Tribunal de Justiça por merecimento. Presidente do Tribunal Regional Eleitoral. Dedicou-se a estudos sobre o problema do menor e muito se dedicou à proteção de crianças e adolescentes na presidência, anos seguidos, da Sociedade de Amparo aos Menores Abandonados do Piauí.

De variada atividade intelectual. Jurista de merecido conceito, as suas decisões se apoiavam em estudos sérios e abalizados. Jornalista voltado para estudos sociais e históricos foi copiosa a sua colaboração em jornais e revistas. Escreveu teatro, compondo peça de natureza politica, de conteúdo ligado a II grande guerra mundial. Penetrante crítico literário. Conferencista culto e meticuloso. Poeta, achava gosto no lirismo e concebeu sobretudo sonetos. Publicou "Frutos Verdes e Floresta Lírica" e "O Jardim de Minhas Flores".

Já me encontrava como membro da Academia Piauiense de Letras, quando Felício ingressou no sodalício. Tomou posse em 1966 e tive o prazer d saudá-lo, examinando-lhe a vida e a obra literária.

Sempre me procurava para alguns dedos de prosa, alegre, e eu o ouvia como a um irmão mais velho que não me recusava a graça dos bons conselhos.


A. Tito Filho, 21/02/1989, Jornal O Dia.

sábado, 11 de setembro de 2010

AINDA TERESINA

Revi Teresina quase como a deixei cinco anos atrás. Ruas empedradas, poeirentas. Dois cinemazinhos de regular freqüência. Bares desconfortáveis. Velhos cabarés de rameiras célebres. Na moda ainda o Clube dos Diários. Casas residenciais quase todas iniciadas pelo corredor, ladeado de quartos de dormir e desembocando na sala de refeições. De modo geral os habitantes se conheciam. Já agora, entretanto, havia riqueza de odiosidades entre os adversários políticos.

Cheguei a casa, matei as saudades imensas dos velhos - e tive a noticia alvissareira: o povo votava no dia do aniversário natalício de Eurípedes de Aguiar. Quis logo visitá-lo para a satisfação de desejo longamente alimentado. E assim pratiquei.

Nesse dia, 19 de janeiro de 1947, data dos 67 anos do vigoroso timoneiro da campanha eleitoral, os piauienses lhe conferiam o melhor presente: a vitória de Rocha Furtado para o governo do Estado.

Meu pai e Eurípedes muito se estimavam. As vicissitudes de vida e os deveres da solidariedade estabeleceram entre ambos sólida amizade, que os anos não arrefeceram, antes aprofundaram - e o fato fez com que eu tivesse no incontestável comandante um amigo certo, a quem ofereci admiração e respeito. Com a subida de Rocha Furtado ao governo, as figuras mais ativas de "O Piauí", Eurípedes, Martins Vieira e Ofélio, receberam cargos oficiais, como auxiliares da administração que se inaugurava. Afastaram-se do jornal, cuja direção Eurípedes me entregou, e pude desempenhá-la com leal observância dos princípios partidários. Transmiti-a, de ordem, ao poeta José Severiano da Costa Andrade.

Em maio de 1947 tive nomeação como delegado de policia da capital. Por esta forma passei a trabalhar com Eurípedes, chefe de policia - e nas funções me conservei até dezembro do mesmo ano.

Privei com Eurípedes no jornal e nos encargos de xerifado. Dele recebi conselhos e proveitosas lições de experiência. Nunca o vi covarde, nem prevalecido de prestigio para perseguir ou humilhar. Uma feita me ensinou que a gente não deve gastar tempo, tinta ou papel para se defender de ataque inimigo pelo jornal. Antes se ataca com mais violência o diatribista.


A. Tito Filho, 17/10/1989, Jornal O Dia.  

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

ALGUMAS ANOTAÇÕES

Leio que a biblioteca Cromwell de Carvalho encontra-se em deplorável situação, habitada de baratas, traças e cupins. Sedia-se no antigo Grupo Escolar Abdias Neves, cedido depois à Faculdade de Direito do Piauí.

Anísio Brito, historiador de pulso e sério, servidor público honesto, criou o conjunto cultural composto de biblioteca, arquivo e museu. Organizou-se com aplausos da comunidade. Dava gosto freqüentá-lo, no edifício-sede que Leônidas Melo construiu, na esquina de Coelho Rodrigues com Rui Barbosa, e que receberia o nome de Casa de Anísio Brito. Tudo sob cuidados permanentes. Conservação exemplar. Limpeza. Higiene. Servidores competentes a serviço do público. Estudantes e mais estudantes faziam proveitosa leitura de livros de assunto vário, sobretudo literatura nacional. Diretores ilustres honraram as relevantes funções que o governo lhes atribuía. Com o correr dos anos, a politicalha deu inicio ao entupimento dos cargos com apadrinhados relapsos. A Casa Anísio Brito passou a arquivo. Biblioteca e museu passaram a ocupar outros prédios e nunca mais voltaram ao antigo esplendor do centro de pesquisas, de observações e de leitura. Sinal dos tempos. Poucos se preocupam com assuntos culturais. A sociedade empresarial dos nossos dias preocupa-se apenas com o ganho da dinheirama a qualquer custo, com o luxo exorbitante, o conforto desmedido, o orgulho, a vaidade dos tolos. Explora os trabalhos dos pequenos, paga-lhes migalhas, e cada dia liquida os valores espirituais, provocando o ódio e violência dos órfãos da vida. As bibliotecas, os arquivos e os museus não geram cédulas nem juros exorbitantes. Constituem velharias. A vida social não precisa de inteligências cultivadas, sim de apetites para a esperteza, a exploração e os lucros descabidos. Não há necessidade do estudo, porque o saber faz que os homens se conscientizem dos direitos e deveres, e os homens assim conscientes são perigosos aos que repudiam a construção de uma sociedade justa e decente.

Para que bibliotecas? Melhor que as traças, as baratas e os cupins as destruam, antes que elas ensinem que se destruam as tranqüilidades e os gozos perniciosos de uma ordem social baseada no dinheiro mal ganho.


A. Tito Filho, 11/08/1989, Jornal O Dia.          

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

TEATRO NO PIAUÍ - II

"Da companhia que em 1858 representava no primeiro teatro da novela capital, pouco ou nada se sabe: seria de amadores locais? Seria forasteira?"

Conservaram-se, entretanto, os nomes de algumas peças montadas, tais como a comédia - vaudeville "As memórias do Diabo", de Etienne Arago (1802-1892); a comédia "A afilhada do Barão" e o drama "Dona Maria de Alencastre", de Mendes Leal (1818-1886); a comédia "O pobre Jaques", o dueto "O castigo" e as farsas "Bernardo na Lua" e "O caixeiro da Taverna", que suspeitamos tratar-se da comédia homônima de Martins Pena. Com a transferência da capital de Oeiras para Teresina, a organização de uma companhia comercial para explorar a navegação no rio Parnaíba e a aquisição de um novo vapor, o Uruçuí, em 1859, novas perspectivas se descerravam, facilitado que ficou o acesso de artista e de elencos ao Teatro Santa Teresina, distante do mar 500 quilômetros.

Entretanto, a ser forasteiro a companhia dramática da Empresa Rocha Pereira, julga-se que foi a partir de São Luis que ela viajou para apresentar em 1860 a comédia "Estrela" ou "A virtude triunfante" e o vaudeville "O cara linda, pregador de cartazes"

A essa altura o Teatro Santa Teresa deve ter passado por sua primeira reforma, preconizada no Relatório de 1859 pelo Presidente da Província Antônio Correia do Couto, e do qual extraímos as seguintes considerações: "(...) o Teatro Santa Teresa desta capital, onde pessoas curiosas têm, por vezes, desempenhado bem sofrivelmente seus papeis (...) Conviria muito que se desse ao nosso teatro a animação que se faz necessária e for compatível, já pelo lado material, aumentando-lhe os cômodos, já pelo lado do pessoal, a quem, por incentivo, se deveria estabelecer um modo de premiar os atores por cada vez que se distinguissem, e assim uma mensalidade aos que são reconhecidamente pobres, como sejam os hábeis artistas Gil Brás de Matos e Augusto Rafael Lucci, visto como é sabido que, por ora, as representações pouco deixam, além dos gastos".

Palavras de incentivo, quase divinas, raramente ouvidas em lábios ou brotadas de canetas dos detentores do poder. Os governos piauienses sucediam-se com marcantes rotatividades, mas suas simpatia para com os cenários persistia, tentando impedir a ruína total do velho prédio, mediante novos reparos em 1867, quando da administração de Adelino Antonio de Luna Freire.

Imprestável o prédio para funções teatrais, foi reconstruído pelo Presidente Adolfo Lamenha Lins e destinado a duas escolas públicas em 1874. Menos mal. Porém o teatro teresinense não teve outro remédio senão voltar para o interior das mansões particulares, por vários anos.


A. Tito Filho, 07/09/1989, Jornal O Dia. 

TEATRO NO PIAUÍ - I

Os talentosos escritores Lothar Hessel e Georges Readers prestaram grande serviço às letras históricas e artísticas com a publicação de O TEATRO NO BRASIL, em três volumes. No tempo do Império, os autores destacaram, no capítulo 21, o TEATRO NO PIAUÍ, e escreveram:

"Quem diria que sob o título Praça Aquibadã, sem Número se oculta uma consistente monografia sobre o teatro no Piauí?"

A capa é coloridamente ilustrada com a fachada, de aberturas com arcos em colchetes, e com a inscrição Theatro 4 de Setembro, de Teresina, inaugurado em 1894. Mas a matéria, que cobre as 158 páginas do volume, reporta-se também ao período anterior àquele importante acontecimento da cidade fundada em 1852 pelo baiano José Antônio Saraiva (Santa Amaro, 1823 - Salvador, 1895).

De 1852 arranca também o inicio das atividades dramáticas na nova capital: "Escreveu Higino Cunha que o teatro em Teresina é contemporâneo da fundação desta cidade em 1852. Com a mudança da capital, de Oeiras para a antiga Chapada do Corisco, vieram para aqui, também, alguns amadores do palco que, na velha capital, divertiam o público, representando peças".

Os primeiros espetáculos (...) se davam em casas particulares. A mais antiga era situada na Praça da Constituição, hoje Marechal Deodoro (prédio da Assembléia Legislativa, nos dias que correm). Pertenciam a João Isidoro da Silva França".

Como esse patrimônio tencionasse alienar o imóvel, o Presidente da Província João José de Oliveira Junqueira (Bahia, 1831-1887) determinou sua aquisição e conveniente melhora, não só interna como também externa, prevendo-se um frontispício de acordo com sua destinação, o que certamente não tinha quando simples residência particular. De como esse clarividente baiano encarava com simpatia a arte dramática, podem dar testemunho as palavras que continha a sua mensagem à Assembléia Provincial: "Hoje é um sofrível teatro, a que dei o nome de Santa Teresa, e a Companhia que nele representa precisaria de ser animada por essa Assembléia, concedendo-lhe, como fazem muitas províncias, uma subvenção anual, ainda que módica".

E de como se comportava o público piauiense, por volta daquele ano de 1858, há o testemunho de um jornal daquele ano, transcrito por Monsenhor Joaquim Chaves num de seus livros, Teresina: subsídios para a História do Piauí: "a platéia tornou-se insuportável, praticando por duas vezes atos dignos de geral reprovação, porque, sem motivo, os gaiatos que ali se aglomeravam irromperam a representação com vozerias extemporâneas. Alguns moços inexperientes tem o costume de munirem-se de assovios, pistolinhas, bengalinhas, para fazerem barulhos. Isto não pode, nem deve continuar assim".


A. Tito Filho, 06/09/1989, Jornal O Dia.  

terça-feira, 7 de setembro de 2010

LICEU PIAUIENSE - V

No regime republicano, com a equiparação ao Colégio Pedro II, o Liceu progrediu sensivelmente. Ilustres intelectuais o dirigiram e conseguiram resultados benéficos. A partir de 1930, submetiam-se os alunos a severa disciplina, razão de constantes choques entre mestres e estudantes, estes inacessíveis àqueles. Vigorava o principio da infalibilidade professoral.

O velho Liceu, com o passar dos anos, apesar do respeitável corpo docente que possuía, era mal visto pela sociedade em razão das atitudes deseducadas de estudantes, que nada respeitavam. Iniciou-se também o descaso dos professores no cumprimento dos deveres com relação às aulas, a que eles pouco compareciam, feitas as exceções naturais. Esses aspectos negativos desapareceram na direção do professor Wilson Brandão, em 1951.

Entrou no Liceu em nova fase de grande decadência. Somente a partir de 1954, a direção do professor Tito Filho estabeleceu regime de disciplina, ordem, respeito, com o apoio de todas as classes sociais. Organização escolar. Conscientização do estudante para o zelo de suas obrigações. Cuidados especiais com o ensino e com a educação. Aulas diárias de português nas primeiras series ginasiais. Interesse dos pais na aprendizagem e no comportamento dos filhos. Primeiros passos na educação cívica e religiosa. Medidas iniciais de homogeneidade na distribuição por turmas. Rigoroso e honesto exame de admissão.

As direções posteriores mantiveram o alto nível de funcionamento do Liceu.

De uns quinze anos aos dias de hoje o Liceu tornou-se irreconhecível. Deteriorou-se a sua estrutura física. Rendimento quase nulo do ponto de vista educativo. Necessitava de recuperação, de higiene e de segura orientação funcional. À Secretaria da Educação Estadual caberiam as medidas consubstanciadas no projeto de Revitalização do Colégio Estadual Zacarias de Góis. O Secretário, ex-aluno do estabelecimento, João Henrique de Almeida Sousa, entendeu os graves problemas do educandário, deliberou enfrentá-los com a ajuda de dedicados e competentes auxiliares, a fim de que se recuperasse, nos aspectos físico, pedagógico e administrativo, o querido patrimônio de muitas gerações.


A. Tito Filho, 05/09/1989, Jornal O Dia.

LICEU PIAUIENSE - IV

No Liceu Piauiense, foram notáveis pelo saber e pelo severo cumprimento de suas obrigações os saudosos mestres, acatados, e que deixaram exemplos de grande dedicação ao ensino e aos discípulos. João José Pinheiro, Davi Moreira Caldas, Polidoro César Burlamaqui, Simplício Coelho de Resende, José Pereira Lopes, Arquelau de Sousa Mendes, Antonino Freire da Silva, Abdias da Costa Neves, Miguel de Paiva Rosa, Antônio Ribeiro Gonçalves, Candido Gil Castelo Branco, Adolfo Santana, Nogueira Tapety, Higino Cunha, Cristino Castelo Branco, Martins Napoleão, Benjamin Baptista, Leopoldo Cunha, Anísio Britto, Mário Baptista, Júlio Antonio Martins Vieira, Álvaro Ferreira, João Borges de Alcobaça, Álvaro Freire, Antilho Ribeiro Soares, Raimundo de Area Leão, Bonifácio de Carvalho, Raimundo de Brito Melo, José Joaquim de Morais Avelino, Celestino Filho, Clemente Fortes, Darcy Araújo, Leônidas Melo, Demerval Lobão Veras, Edgar Tito, Edgar Nogueira, Fernando Lopes Sobrinho, Fernando Marques, Gonçalo Cavalcanti, Heli Castelo Branco, Heráclito de Sousa, João Antonio Leitão, João Soares, Joaquim Nonato Gomes (padre), Joca Vieira, José Amável, Lourival Parente, Antonio Maria Madeira, Moisés Santos (padre), Odilo Ramos, Petrarca Sá, Pires de Castro, Raimundo Portela, Sotero Vaz da Silveira, Agripino Oliveira, Alcides Lebre, Amália Pinheiro, Ana Bugyja Britto, Cláudio Ferreira, Francisco César de Araújo, Miguel Borges, Otávio Falcão, Raldir Bastos, Robert de Carvalho, Zaul Pedreira (monsenhor), Ofélio Leitão, Odilon Nunes e outros que a memória não guardou. Os citados, na sua quase totalidade, cursaram a tradicional casa de ensino e nela prestaram os exames necessários ao ingresso em escolas superiores. Também honraram outros setores das atividades sociais: foram magistrados, políticos, farmacêuticos, advogados, escritores, médicos, militares, religiosos, engenheiros, odontólogos, químicos, comerciantes.

*   *   *

Ilustrados cidadãos das novas gerações sentaram-se nos bancos escolares do tradicional educandário e hoje desempenham funções destacadas em Teresina e várias cidades brasileiras, nos mais variados setores da vida pública e das atividades profissionais, honrando as tradições espirituais do colégio em que passaram os melhores anos da adolescência e guardaram os princípios da ordem e da consciência bem formada.

*   *   *

Em Oeiras como em Teresina, nos tempos imperiais, o Liceu prestou poucos serviços ao ensino e ao processo educacional piauiense. Reduzidíssima a matricula, pois se verificava fraco interesse pelos estudos de humanidades. Estavam distantes as escolas de humanidades. Estavam distantes as escolas superiores. Antes da República e ainda alguns anos depois, no estabelecimento se faziam os exames preparatórios para ingresso nas faculdades de direito, de medicina e de engenharia. Os candidatos sempre provinham de importantes figuras da politica e de comércio e de famílias abastadas.


A. Tito Filho, 03/09/1989, Jornal O Dia.

LICEU PIAUIENSE - III

Gustavo Capanema, nos tempos ditatoriais, mandou adotar nova reforma: quatro anos de curso ginasial e três do curso cientifico ou clássico. Vigora nos dias que correm o ginásio de 1º grau, que primarizou o ginásio, e os cursos profissionalizantes de 2º grau: reforma Jarbas Passarinho, de 1971.

Mudou-se a denominação Liceu Piauiense no tempo do ministro Gustavo Capanema. Os estabelecimentos que ministrassem ensino ginasial se denominariam ginásio e os que ministrassem os dois cursos - ginasial e cientifico ou clássico, colégio. Chamou-se, pois, Colégio Estadual do Piauí, modificando-se o nome como homenagem ao fundador. Colégio Estadual Zacarias de Góis.

*   *   *

O interventor federal Landri Sales Gonçalves determinou a construção do edifício-sede do Liceu Piauiense, de acordo com o projeto do engenheiro Luís Mendes Ribeiro Gonçalves. Sucedeu-se o governador Leônidas de Castro Melo, que prosseguiu as obras e inaugurou o majestoso prédio como parte das solenidades comemorativas do primeiro aniversário de sua administração: 3.5.1936. Discursaram o diretor João Pinheiro, os liceístas Carlos Castelo Branco, Ivone Bandeira, José Newton de Freitas, Alencar Vieira, Virmar Soares e o estudante de Direito Benjamin do Rego Monteiro Neto. Verificou-se desfile cívico entusiástico.

*   *   *

Na década de 50, por virtude da população escolar e da procura do ensino público, improvisaram-se salas de aulas, com o aproveitamento de gabinetes e outras dependências destinadas a serviços diversos. Havia necessidade de ampliação do estabelecimento, o que se verificou nas diretorias dos professores Arimathéa Tito Filho (1954-1959) que fez aumentos do lado da rua Simplício Mendes e construiu as quadras desportivas; e Lisandro Tito de Oliveira (1962-1970) com novas salas do lado da rua Barroso.

*   *   *

Mestres que muito se distinguiram e que continuam a ilustrar a vida piauiense noutras atividades podem citar-se James Azevedo, Lisandro Tito de Oliveira, Pantaleão Carvalho, Joffre Castelo Branco, Luis Nodgi Nogueira, Arimathéa Tito Filho, Francisco Barreto Soares Cordeiro, José Eduardo Pereira, Nelson Sobreira, Viveiros Filho, Delfina Boavista, Helena de Greslan, O. G. Rego de Carvalho, Valdemar Sandes, Manoel Paulo Nunes, Luís Lapa, Bernardo Lopes de Sousa, Acrisio Torres de Araújo, João Gabriel Baptista, Clidenor Freitas Santos, Wilson Brandão, Cunha e Silva, Camilo Filho, Joaquim Chaves (Monsenhor), Raimundo Santana, Celso Barros Coelho - além de outros do conceituado Liceu de alguns anos passados.


A. Tito Filho, 02/09/1989, Jornal O Dia.