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sábado, 6 de março de 2010

PORTUGUÊS

Garotote ainda, eu gostava de ler romances. Havia a loja do Juca Feitosa, em Teresina, e ali a gente adquiria Júlio Verne, os livros de aventura da coleção Terra, Mar e Ar, sempre o herói contra os bandidos. Comprei e li as obras completas de José de José de Alencar e algumas dos portugueses Camilo Castelo Branco e Pinheiro Chagas. Gostei do mineiro Bernardo Guimarães e do autor de A MORENINHA, Joaquim Manoel de Macedo. Nesse tempo de vendiam livros de uma coleção de reduzido tamanho, autoria de franceses, ingleses e russo, em traduções excelentes. Lembro-me da leitura que fiz de obras de Zola, Onnet, Dostoiewski.

Gostava de Emílio Salgari e do Tarzã, de Burroughs.

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Meu pai possuía boa biblioteca, em que se destacavam obras jurídicas. Mas havia também obras de literatura e uma boa quantidade de livros de português, especialmente gramáticas e algumas de dúvidas de linguagem e ensinamentos de correta escrita das palavras, como as lições do lusitano Cândido Figueiredo. Lia constantemente as vaidosas explicações desse sujeito de grande aceitação na sua pátria de origem. E tomei gosto pelo assunto. Na antiga biblioteca pública da Casa Anísio Britto adotei como leitura predileta obras de Xavier Fernandes e outros estudiosos de questões de linguagem. Professor de português, li Said Ali, Pedro Pinto, Silveira Bueno, Vitório Bergo, Napoleão Mendes de Almeida, Martinz de Aguiar, Tenório d’Àlbuquerque e quantos mais, meu Deus. Aprendi uma porção de lições úteis e também gravei na memória invencionices, e ordenamentos inconsistentes.

Nesta coluna já me referi aos trabalhos, em três volumes, de Cineas Santos, bons de aprender, pois são simples e de clareza que ninguém esquece.

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Ganho agora presente valioso e de raro método, PORTUGUÊS COMPLETO, no seu primeiro volume, e do qual se esperam mais dois, com um total de três mil questões resolvidas.

Assina-o um mestre da língua portuguesa, que tive a honra de ter como aluno, nos tempos do curso ginasial e do científico. Estudioso, fez da língua pátri instrumento de trabalho e de muito saber e muito escrever bem ultrapassou o velho e modesto professor. Refiro-me a William J. Silva, cujos serviços aos moços têm merecido aplausos da sociedade teresinense.

Neste PORTUGUÊS COMPLETO está a linguagem e nele se podem anotar a correção simples dos defeitos comuns em que laboram moços e velhos, homens e mulheres na fala quotidiana e na comunicação escrita do pensamento.

Li o livro de fio a pavio. Corrigi alguns defeitos em que eu estava acostumado.

As lições de William J. Silva são acessíveis a todos, a principiantes e aos que labutam no uso correto da linguagem humana.


A. Tito Filho, 31 de março de 1992, Jornal O Dia

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