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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

PALESTRA - III

(Este texto é a continuação deste)


Não se pode negar os aspectos positivos surgidos com as novas idéias. É verdade que o novo cria, muda e gera valores culturais, ao longo da História. Do contrário, jamais teríamos saído das cavernas para a civilização da informática. Por outro lado, sem a tradição nada somos, porque ela é o acúmulo de experiências que o homem conquistou durante sua existência.

Somente dentro dessa perspectiva podemos compreender corretamente a função das Academias de Letras neste final do século XX. Somos a casa da tradição e do novo ao mesmo tempo. Aqui, não se discrimina, não se bitola, não se limita. Todas as manifestações culturais são contempladas de um ponto de vista preconceituoso, mas aberto, ilimitado e sem compartimento estanques.

A Academia Piauiense de Letras é um exemplo notável dessa função cultural, desse procedimento salutar, dessa postura renovada. A Casa de Lucídio Freitas tem produzido cultura desde que foi fundada. Seus vultos são imortais, porque conseguiram legar uma herança inestimável de cultura.

Não ousarei falar das primeiras gerações de seus membros. Permito-me tecer algumas considerações sobre personalidades de tempos mais recentes, que tive a honra de conhecer pessoalmente. Falo de Simplício Mendes, jurista, desembargador, jornalista e homem de letras, que por muitos anos dirigiu esse sodalício, mantendo acesa a chama do ideal de cultura e de saber. Como presidente da Academia Piauiense de Letras conversou todas as suas conquistas, seus valores e suas tradições.

Depois da morte de Simplício Mendes, sucedeu-lhe esse brilhante intelectual, mestre da língua, filólogo, jornalista, escritor e político, que é o professor Arimathéa Tito Filho, exemplo de honradez, de inteligência e de dedicação à cultura do Piauí.

Sob sua presidência, a Academia Piauiense de Letras ingressou em nova fase, de construção de uma infra-estrutura material e ampliando o patrimônio cultural. Com Arimathéa Tito Filho, a Academia modernizou-se, dinamizou-se e preparou-se para os desafios do próximo século.

Pelas suas publicações, informativos, revistas, tomamos conhecimentos de suas atividades, ora editando livros, ora promovendo concursos literários, seminários, conferencias, além de outras iniciativas que são fundamentais para o enriquecimento cultural do Piauí. Hoje, a vida cultural do Piauí passa necessariamente pela Academia Piauiense de Letras. Nisso, repouso a sua perenidade e a sua vitalidade.

Senhores acadêmicos, permitam-me que estenda o que há de reconhecimento nessa palestra ao bravo povo piauiense, sem o qual nunca teríamos lançado os primeiros alicerces da Casa de Lucídio Freitas.


A. Tito Filho, 27/08/1988, Jornal O Dia

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