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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

BENEDICTA

Faleceu Edson Pacheco, o que muito me consternou, aquele que escreveu o romance "Banedicta", de muita fidelidade a hábitos e costumes interioranos, e a velhas normas provincianas de uma Teresina que só existe na lembrança da gente que está ficando ou ficou velha. Depois, os fatos se desenrolam em Caxias, onde a personagem central se encontra com os males de uma sociedade casuística, omissa com os desafortunados, como também se familiariza com caracteres perversos e exploradores. Daí foi para a capital maranhense, em que conheceu novas faces da vida, umas humanizadas, outras indignificantes.

Posteriormente vemos Benedicta num Rio de Janeiro em evidencia de grande centro populoso, convocador de emoções e alegrias, ao lado de graves problemas sociais.

O romance desperta interesse e pede meditação. Nele há tipos humanos de retratos psicológicos bem feitos. O cenário é sincero. As paisagens se mostram vivas, espelhadas de modo correto. Existe harmonia com o tempo em que o enredo se passa e se desenvolve. Realizam-se dramas de vidas simples de consciência como de miséria. Narra-se plenitude de preconceitos de toda ordem. E mais: desfilam almas rudes, gente de critério vário na prática do bem e do mal. No término, o processo educativo modifica caracteres.

O autor teve muito senso de observação, como convém aos que concebem a obra para realizá-la bem dotada de realidade, escoimada dos defeitos de fantasia.

Foram fieis os traços fisionômicos das pessoas, das coisas, das angustias, das aflições e dos instantes felizes em que os seres se realizaram para a paz interior e para a beleza do afeto.


A. Tito Filho, 21/12/1988, Jornal O Dia.

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