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sábado, 13 de novembro de 2010

CINEMA

Diz-se que a primeira exibição de cinema em Teresina se verificou em 1901, no Teatro 4 de Setembro, de A. F. Nauman, seguindo-se Bernardt Blum. Apenas quadros animados. Em 1906, houve cenas exibidas por Moura Quineau e R. Coelho. Seguiram-se os espetáculos de 1908. Adiante, 1910, muita variedade de filmes mudos atraiu boas platéias. Pedro Silva, grande animador da vida artística da capital, também manteve casas cinematográficas. Antes de 1930, inaugurava-se o Cinema Olímpia, na praça Rio Branco, e em 1933 os irmãos Alfredo e Miguel Ferreira dotavam a cidade de filmes falados, exibindo-se "Doce como Mel", norte-americano, com Nancy Carrel.

Na década de 30 a risonha capital do Piauí possuía três cinemas - um tipo poeira o "Royal", bancos de madeira, sem encosto, situado na rua Simplício Mendes, no lugar onde  hoje se encontra casa comercial. Tinha a especialidade em filmes seriados, em que o mocinho realizava pulutricas incríveis. Seis semanas duravam as exibições, uma série de sete em sete dias. Também passavam películas de bangue-bangue, Tom Mix, Buck Jones e outros heróis da época. Superlotava-se na sessão dominical das seis da tarde. A molecada assobiava a valer.

Os outros dois eram de elite. O "Olímpia", na praça Rio Branco de sessões chiques às 20 horas. Dias de domingo, as senhoras da alta-roda e os maridos engravatados enchiam a comprida sala de espetáculos. Bons filmes mudos. Artistas famosos. Pertencia ao carcamano Budaque. Na praça Dom Pedro II funcionava o Teatro 4 de Setembro, da empresa Ferreira Irmão, propriedade de Miguel e Alfredo, inaugurado em 1933 com a introdução do cinema falado em Teresina. Freqüência da melhor sociedade.

Nos dias de segunda-feira o "Olímpia" oferecia entrada gratuita às normalistas fardadas, o que acontecia no 4 de Setembro, nos sábados.

Na década de 40, com o desaparecimento do "Royal" e do "Olímpia", surgiram o "Rex", de certo luxo, o "São Luís", rua 13 de Maio, frente para um dos lados do Clube dos Diários, também requintado, ambos de freqüência das camadas ilustres, e o de segunda classe, denominado "São Raimundo", na Piçarra, zona do meretrício nesse tempo. Dos três, ainda funciona o "Rex".

Em setembro de 1966, inaugurou-se o "Royal", segundo desde nome, da melhor categoria, infelizmente desaparecido.

Os anos correm e construiu-se o cinema do Centro de Convenções, parece que desativado. Inaugurou-se ainda o Cinema de Arte, fechado, segundo afirmam, por falta de apoio oficial.

De quantos existiram, dos anos 30 aos nossos dias, resta o "Rex", impávido, na praça Pedro II.

Pena que Teresina esteja abandonada relativamente a uma das melhores diversões criadas pelo homem.

As presentes considerações homenageiam José Elias Martins Arêa Leão, por virtude der sua ilustrada exposição sobre a vida cinematográfica da capital - mais um serviço expressivo que ele, vontadoso e criativo, presta, no terreno cultural, à coletividade teresinense.


A. Tito Filho, 18/05/1988, Jornal O Dia.

Um comentário:

  1. Jordan parabéns pelo blog. Gostaria de saber se existe algum registro em livro ou jornais que comprove a passagem de Moura Quineau pela cidade. Abraços!

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