Na recuperação do Theatro 4 de Setembro, promovida no primeiro governo Alberto Silva, conservaram-se os aleijões feitos a partir de 1952. Suprimiram-se mais uma vez as elegantes áreas arborizadas dos dois lados do prédio, conforme determinou a planta original do engenheiro Alfredo Modrack. Desta feita, construiram-se um salão de exposições, de um lado, e de outro, ao que parece, compartimento de livraria e um boteco de muita animação, que funciona até madrugada alta. Enfim, isto se chama Piauí.
Para os serviços de recuperação houve o apoio de dois grandes piauienses: Deolindo Couto, nascido em Teresina, a maior expressão da neurologia nacional, e João Paulo dos Reis Velloso, nascido em Parnaíba, famoso economista, duas vezes ministro de governos republicanos.
Nas comemorações do centenário de uma promessa, pois a 4 de Setembro de 1889 ao menos havia pedra fundamental, homenageou-se o grupo dos atuais proprietários do Teatro, esquecendo-se os que, no presente e no passado, por ele trabalharam. Deolindo Couto e Reis Velloso não chegaram a ter os nomes citados entre os benfeitores da querida casa de espetáculos. Só os dois? Não, muita gente passou em brancas nuvens nas festas insossas que agora se fazem.
Entre os 21 homenageados na solenidade do dia 4 de setembro último, figura, segundo o jornal "O Dia", edição de 6 de setembro, o nome BUGYJA BRITTO, e a razão da homenagem: AGITADORA CULTURAL JÁ FALECIDA.
Que quer dizer AGITADOR? Promotor de perturbações da ordem. Tem variada significação, entretanto, o verbo AGITAR, como discutir com veemência, ventilar, inquietar, perturbar. A homenageada nunca exerceu tais atividades. Trata-se de ANA BUGYJA BRITTO, a quem os promotores das festas citaram apenas como BUGYJA BRITTO, senhora que eles desconhecem inteiramente. Foi uma das mais brilhantes professoras de meu tempo, maestrina consagrada, grande pianista, mulher admirável como esposa e mãe e que tanto alegrou o antigo solar de Karnak com execuções de músicas clássicas, ao tempo do barão Castelo Branco.
Pessoas que se dedicaram ao Theatro 4 de Setembro, de corpo e alma, sem ganhar (um) tostão, foram tristemente, injustamente, perversamente esquecidas pelos atuais HISTORIADORES e DONOS do querido e outrora centro cultural de Teresina.
A. Tito Filho, 11/09/1989, Jornal O Dia.
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