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quarta-feira, 14 de julho de 2010

O LIVRO NO FUTURO GOVERNO

No tempo do Piauí-Província, quando faleceu José Coriolano, os amigos do poeta quiseram homenagear-lhe a memória, publicando as suas poesias românticas, cujo conjunto recebeu o nome de IMPRESSÕES E GEMIDOS. Não sei se o governo participou das despesas. No Piauí-República, o governador Anísio de Abreu faz a edição da CRONOLOGIA HISTÓRICA DO ESTADO DO PIAUÍ. Leônidas Melo mandou publicar, na Imprensa Oficial, obras de João Pinheiro, Higino Cunha, Celso Pinheiro, moura Rego, Martins Napoleão e de outros intelectuais piauienses de renome, numa das mais brilhantes fases da vida literária da terra. Adiante, Pedro Freitas mandou que as oficinas do Estado editassem o interessante trabalho que o engenheiro Sampaio escreveu sobre as nossas possibilidades econômicas. Outro governante, Helvídio Nunes, patrocinou a publicação de algumas obras aplaudidas.

Chegaria o primeiro tempo de Alberto Silva, época em que o setor da comunicação se confiou a um sujeito de valor, apaixonado pelas cousas do Piauí, chamado Armando Basto, que idealizou o PLANO EDITORIAL, convocando-se uma plêiade de prosadores ilustres. Era o ano de 1972. Um dia recebi chamado de Armando, que autorizava nova edição de LIRA SERTANEJA, e o trabalho, feito na Companhia Editora do Piauí, saíra com imperfeições, por engano do organizador da obra de Hermínio Castelo Branco. Inutilizaram-se os mil exemplares confeccionados. Recebi a tarefa de preparar edição segura, e o fiz, confiada a Deoclécio Dantas; que superintendeu a valiosa publicação, à qual juntei humildes ensinamentos sobre o vocabulário sertanejo empregado pelo autor.

Armando Basto me determinou que preparasse outras obras. Aceitei a incumbência com a condição de me ocupar somente de autores mortos, ou de trabalhos sérios a respeito de assuntos históricos e sociais da terra piauiense.

Entreguei os originais a Deoclécio, que dirigia, com raro devotamento, a Companhia Editora do Piauí, e os livros foram publicados, com primorosa revisão, reunindo as concepções de autores notáveis como José Coriolano (reedição), Esmaragdo de Freitas, Zito Batista, José Lima Pires Rebelo.

Armando pretendeu que mais livros se fizessem, e assim se confiaram novas edições a empresa editora do Rio de Janeiro, de cujas oficinas saiu outra vez a famosa CRONOLOGIA HISTÓRICA DO ESTADO DO PIAUÍ, de Francisco Augusto Pereira da Costa. Orientamos, Armando da Costa, Deoclécio Dantas e eu, a publicação de umas quarenta obras, admirável esforço para divulgar os autores piauienses, entre os quais Odilon Nunes, nas PESQUISAS PARA A HISTÓRIA DO PIAUÍ.

Interessante ressaltar que as obras dessa fase administrativa do Piauí confiaram-se ao público e as instituições GRATUITAMENTE, dentro como fora do Estado.

Torna-se necessário que se acabe no Piauí com a triste e viciosa praxe de o governo pagar a edição e o autor vender os exemplares da obra publicada ao próprio governo.

O assunto merece mais considerações. O nosso intuito está em oferecer ao futuro governador subsídios que sirvam à administração para incentivar corretamente a cultura no Estado.


A. Tito Filho, 24/01/1991, Jornal O Dia. 

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