Jânio da Silva Quadros nasceu nas bandas de Mato Grosso, aí nos 1918. Fixou-se em São Paulo , acatado professor de Português e de História nos colégios secundários. Ganhou a estima da estudantada: cumpria o dever e sabia ensinar. Por influência dos meios estudantis, ingressou na política, com a pretensão de eleger-se vereador. Pobre, conquistou simpatias com a sinceridade das suas falas aos leitores.
Era 1947. Somente em alguns estados havia coincidência de eleições de governadores, senadores, deputados e cargos eletivos municipais. As presidenciais eram de cinco em cinco anos, coincidentes com alguns governadores, como o do Parnaíba, por exemplo, a quem se conferiu um qüinqüênio de mandato.
Mal chegava ao final do mandato de vereador, Jânio era conduzido à Assembléia Legislativa. Não terminou os quatro anos da legislatura, consagra-se prefeito de São Paulo, derrotando oito partidos fortes e dezenas de políticos célebres e endinheirados. Foi a luta do TOSTÃO CONTRA O MILHÃO. Nascia o FENÔMENO. Antes de findar o seu período administrativo na Prefeitura, mais uma vez vitória retumbante levava-o ao governo do estado, em que passou os quatro anos completos do mandato, embora alguns meses antes do fim já estivesse eleito deputado federal pelo Paraná.
Nas eleições de 1960, mais de seis milhões de brasileiros lhe confiaram a presidência da República. Assumiu a 3 de janeiro de 1961 e a 25 de agosto do mesmo ano renunciou ao poder, na tentativa, segundo penso, de um golpe, para fechar o Congresso e criar o regime ditatorial.
Tentou voltar ao cenário político. Derrotado na candidatura ao governo de São Paulo. Direitos políticos suspensos por dez anos. Em 1985, ganhou a eleição de Prefeito de São Paulo, assumindo a primeiro de janeiro de 1988. Administração modelar. Sofre permanente campanha de descrédito dos poderosos órgãos de comunicação da capital paulista. Leiam, porém, editorial do "Jornal do Brasil", do Rio, edição de 20-4-88, página 10: "Eleito na última safra de prefeitos, o Sr. Jânio Quadros trouxe para o cargo uma convicção que logo pôs em prática: a de que a administração pública não é feita para dar lucro nem prejuízo. A folha de pessoal, para não se tornar uma aberração, deve manter-se em torno de 50% da receita, o que permite a preservação da capacidade de investimentos. São Paulo, até recentemente, parecia entregue a sina dos loteamentos clandestinos: ocupavam-se terras e prédios a torto e a direito, em nome do SOCIAL. O Sr. Jânio Quadros passou a desocupar, em nome do interesse público, o que também é uma forma de agir num contexto SOCIAL. Com isto se tem uma cidade moderna administrada em figurino moderno. O tamanho da proeza, tratando do Brasil e de uma megalópole, granjeou para o prefeito de são Paulo o reconhecimento público. A popularidade bafejou o administrador que, ao populismo barato, opôs as idéias de eficiência e respeito às autoridades".
Jânio, magnífico Jânio.
A. Tito Filho, 27/04/1988, Jornal O Dia
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