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quarta-feira, 9 de março de 2011

SOCIEDADE DOENTE

Por toda parte, li o anúncio do SHOW MISSE GAY DO PIAUÍ, no Hotel Rio Poty, dedicado à sociedade. Veadagem de luxo esteve presente. O soçaite ganhou uma das suas grandes noites de futilidade, aplaudindo o espetáculo de despudoramento. Do Rio de Janeiro veio, sob contrato, em veadão famoso, milionário muitas vezes à custa desse exibicionismo de perversões sexuais. Pobre Teresina, pobre família teresinense, pobre memória de nossos mortos sagrados, como Dom Severino Vieira de Melo, e tantas mulheres e homens decentes, afrontados na sua compostura por festas assim, em que jovens demonstravam anormalidade do sexo debaixo de palmas e aplausos, seios de silicone, calcinhas, brincos, lábios embatonados e nádegas obtidas com hormônios femininos. A platéia, frenética, deu vivas ao espetáculo. Que espetáculo!

Mestre Raimundo Portella sempre quis dotar Teresina de um hotel confortável e sobre modo decente. Saudoso amigo, homem de bem, deve ter, corado de vergonha ao ver o sultado dos seus sonhos como palco de demonstração de sexo invertido. Dessa forma o soçaite educa a infância, a adolescência e a juventude? Para ser vitorioso na vida, ter dinheiro e fama, conseguir incentivo e aplausos, há necessidade de o ser humano masculino exibir deformações sexuais verdadeiras ou falsas? Quanto se gastou nessa festa em que se divertiu a alta-roda, esbanjando-se dinheiro, para o espetáculo deprimente? Infelizes os que urram e se entusiasma com as perversões sexuais certas ou imitadas. Os veados são doentes, merecedores de tratamento e compreensão, nunca objetos de espetáculos públicos, e os imitadores por dinheiro merecem compaixão. Teresina reproduz agora os bacanais de Sodoma e Gamorra. Ainda virá o terrível castigo aos pecadores.

Crianças, adolescentes e jovens do sexo masculino devem aprender o que o soçaite lhes ensina: a vitória na vida depende das perversões sexuais falsas ou verdadeiras, homenageadas com festas, músicas, aplausos, num momento em que quase todo o povo brasileiro passa fome. A Rússia dos czares era assim, a começar da depravada imperatriz. Havana semelhava um lupanar ao ar livre. Comunizaram-se.

Crianças, adolescentes e jovens abandonem os livros. Devem repudiar as lições dos mestres. Ponham brincos, calcinhas, rebolem as nádegas e ganhem dinheiro à custa do exibicionismo.


A. Tito Filho, 26/10/1988, Jornal O Dia

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