Vejo-a sem as pracinhas de donzelas faceiras, que rodavam num sentido, os gajos em sentido contrário, no fascinante namoro de olhos... No cinema, o casal se dava o gosto de bolinação... Namoro de mão nos peitinhos arrebitados.
Vejo-a sem o símbolo que foi a Maria Preá, mulata boa de cama, com estudante de bolso vazio ou desempregado de prestígio firmado.
Hoje, vejo-a urbanizada de pombais, ou casinholas habitadas do êxodo interiorano; povoada de veados de luxo ou simples viciados na inversão dos locais do prazer; vejo-a na falsa convivência dos coquetéis, das uiscadas e das festas de caridade; vejo-a no comércio com o nascimento de Jesus e com as mães, merecedoras pelo menos de um pouco de respeito; vejo-a despudorada, meninas ricas sem roupa, por deboche, meninas pobres do mesmo jeito, por miséria. Vejo-a uma imensa putaria de homens e mulheres, com as devidas exceções; vejo-a violenta, estúpida, deseducada - milhares tipo debaixo-da-ponte, alguns felizardos da vida ociosa à custa de golpes e falcatruas e outros tantos no repasto oficial da República sem freios.
Vejo-a sem futuro, sem esperança, mas ainda creio no resto de otimismo que me sustenta os olhos sofridos da saudade dos tempos que não voltam mais...
A. Tito Filho, 03/01/1989, Jornal O Dia.
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