Teresina na década de 20 contava com um jornal crítico por excelência, chamado O DENUNCIANTE, dirigido por Dondon Castelo Branco.
Antigamente, em Teresina, o defunto era conduzido ao cemitério por amigos, a pé. Não havia ainda carro funerário. Atrás do caixão, iam os familiares e os conhecidos e admiradores. Dondon muito se preocupava com o acompanhamento. Em 1928, escreveu no jornal:
"Na hora do enterro apresenta-se um aluvião de pessoas para acompanhar o defunto, porém logo no sair da porta começa a debandada de um, dois, aqui, ali, e acolá, e quando chega do meio do caminho em diante é que a debandada é grande, chegando ao cemitério quase sem acompanhamento, quando não deviam fazer assim, pois se o cemitério é longe ou se a pessoa é velha e não resiste a viagem ou se está doente ou se tem muito trabalho a fazer em casa, ou seja por qualquer motivo, nestes casos será melhor que lá não vá, e não ir somente aparentar, que fica muito feio e se não hão de fazer assim é melhor que peçam desculpas ao dono do defunto, alegando os seus motivos e não voltarem do caminho, como tem acontecido nestes últimos enterros, nos quais, do que menos voltaram foi no enterro do dr. Collect, e no que mais voltaram foi no do dr. Francisco Parentes. Se assim a moda pegar, chegará o dia em que os próprios carregadores também deixarão o defunto no meio da rua até que os donos tomem qualquer providencia em obter com a policia que mande presos conduzirem o defunto a fim de não espocar no meio do tempo".
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Noutra edição do jornal, escreveu:
"No dia 6 morreu nesta capital e enterrou-se no dia 7, Dona Delmira lobão Veras, mãe do médico Dr. Anfrísio Lobão, a quem o dono deste jornal apresenta pêsames extensivos aos demais parentes. Acompanharam o enterro 42 pessoas e voltaram do caminho 21. No outro número serão publicados apenas os nomes das pessoas que chegaram ao cemitério".
A. Tito Filho, 19/02/1989, Jornal O Dia.
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