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terça-feira, 15 de junho de 2010

INTEGRAÇÃO CULTURAL

Em 1910, a praça Uruguaiana, hoje Rio Branco, viveu dia de festa, com inauguração do seu ajardinamento, obra do intendente José Pires Rebelo. Dois anos depois, o logradouro recebia luz elétrica, e se tornava o local das retretas inesquecíveis, dos passeios de moças e rapazes, em noites que não voltam mais. Manhãs tardes, o centro comercial da cidade. Era a praça preferida de todos. Com o correr dos anos, nela havia o principal cinema, o "Olímpia", e o Bar Carvalho, reunião do soçaite da época para sorvetes e chocolates, depois das diversões noturnas. 

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Na praça Pedro II, antiga Aquidabã, estava o imponente Theatro 4 de Setembro que apresentava companhias de fora e artistas da terra, inclusive de famílias conceituadas em festas de caridade. Nessa tradicional casa de diversões se realizavam bailes, banquetes, declamações, solenidades cívicas, conferências literárias. Em 1933, o Teatro inaugurava o cinema falado.

Em 1936, o prefeito Lindolfo Monteiro inaugurou a remodelação da praça. Roupagem nova. Bonita e faceira. Cheia de luzes e de plantas. Coreto e fonte luminosa. Deslocou-se a freqüência da Rio Branco para o novo bem-querer do teresinense. Surgiram nela bares e sorveterias. Nas proximidades, estava o Clube dos Diários, que desde 1922 atraia o teresinense para as suas bonitas reuniões dançantes.

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No fim da década de 60 o clube entrou em declínio. Tornou-se decadente. Novos tempos. Outros bairros e novas entidades recreativas. Em 1974-1975, reformaram-se o Teatro e a praça Pedro II, - um e outra já desprezados pelo povo educado. Com o correr dos dias, a praça Pedro II transformou-se em condenável concentração de gays e sapatões, viciados em drogas, marginais. Botecos funcionam até de manhã.

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Suzana Silva, secretária da Cultura, pretende recuperar toda a área da praça, incluindo o Clube dos Diários, em que funciona agora jogatina permanente e convivem mulheres de livre e raparigas velhas surradas. Ambiente de menores vadios, de perdição e luxúria.

Seria um grande serviço à cidade a recuperação da praça, do centro de artesanato, do Teatro, do Clube. Criar-se-iam escolas de dança, de artes plásticas, de música, cinema e teatro, galeria de artes, oficinas, lojas, - tudo sobre a responsabilidade de uma Associação de amigos do Centro integrado de Cultura do Piauí.

Grande idéia, merecedora do mais completo apoio daqueles que devotam amor a esta cidade querida.


A. Tito Filho, 06/03/1990, Jornal O Dia. 

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