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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

NÓRDICA E ANTARES

A editora Nórdica acaba de incorporar a Editora Antares, cujo acervo passará a constituir uma divisão especial dentro da nova casa, onde a sua comercialização se iniciará em todo o Brasil a partir do dia 27 de junho.

O acordo foi realizado entre Maura Sardinha e Maria Helena Geordane, pela Antares, e Jaime Bernardes, pela Nórdica.

A Antares foi fundada em 1978 e alcançou excelente prestigio, principalmente, através do lançamento de obras de literatura infantil e juvenil dos melhores autores nacionais. No entanto, também obteve uma posição meritória na area universitária, especialmente em fonoaudiologia, setor em que a editora, praticamente, foi pioneira no lançamento de obras de autores nacionais (antes, havia apenas alguma coisa do Dr. Pedro Bloch). Em ficção e não ficção, alguns lamentos fizeram ótima carreira no mercado e ainda permaneceram com vendas pontuais de bom nível, como é o caso, por exemplo, do clássico "Geografia da Fome", de Josué de Castro. Ao todo, serão transferidos para a Nórdica, aumentando o seu catálogo, cerca de 70 títulos, 50 dos quais na área infanto-juvenil.

Durante dez anos a Antares lançou mais de 120 títulos e realizou um esforço extraordinário a favor da cultura nacional. Os investimentos foram, relativamente grandes e a sua administração apresentou um bom resultado, traduzido por uma situação hoje controlada e saneada. A Antares poderia ter continuado, mas as dificuldades econômicas do país no momento e, sobretudo, os atuais problemas de comercialização exigiam novos e pesados investimentos que Maura Sardinha e Maria Helena Geordane acharam por bem não realizar.

A Nórdica, fundada e administrada pelo editor Jaime Bernardes, desde 1970, vem atravessando as sucessivas crises econômicas do país, seus altos e baixos, com uma atuação equilibrada e cautelosa, sem grande euforia e sem grandes pessimismos. Jaime Bernardes costuma dizer que, editar e administrar num país de alta inflação como é o Brasil se assemelha a correr uma prova de fórmula 1, à velocidade de 300 km por hora. O mínimo deslize é a morte do artista. Um pé no acelerador, outro no freio, mudanças na hora certa, atenção aos outros concorrentes, antecipar suas manobras e as do comando da corrida, ou seja, o governo que adquiriu o hábito de mudar as regras mesmo "durante" a prova, são algumas das precauções a tomar nas circunstâncias.

Em seu acordo, a Antares permanecerá como selo de prestígio dentro da Nórdica e será uma divisão que continuará dispondo da preciosa assessoria editorial de Maura Sardinha. Novos lançamentos estão em estudo, embora a prioridade seja dada às reedições. São vários os livros da Antares que estão esgotados e serão sucessivamente relançados.


A. Tito Filho, 19/07/1988, Jornal O Dia

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