A história de Teresina guarda muitas cousas pitorescas e inesquecíveis. Abaixo se relaciona algumas.
PIPIRAS: as pipiras viveram no tempo da fábrica de tecidos, assim chamadas porque merendavam bananas.
CURIRAS: eram as empregadas domésticas, que não se sentavam à mesa dos patrões, mas recebiam o prato de comida por cima do peitoril que separava a sala de refeição da pequena área descoberta no interior da casa. Manoel Joaquim, conforme me contou o fabuloso Antônio Sales, testemunha ocular de Teresina, realizava o baile das curiras. Havia ainda o concurso de misse curira.
FREGES: vendiam bóias fartas e saborosas em alguns pontos da cidade. A garapa de cana procedida de São Joaquim e Acarape, em ancoretas e cabaças. Comprava-se o caneco com um pedaço de beiju. Dias festivos, na porta do Teatro 4 de Setembro ou dos arcos, vendiam-se manuês, arroz-dode, jenjibirra, frito de porco, frutas e outras guloseimas.
MATINÊS: antes da luz elétrica, os bailes se realizavam de tarde, a partir do meio-dia, porque de noite a iluminação se fazia de lampiões acesos de tardezinha e apagados às dez da noite.
CHAFARIZES: funcionavam na rua da Glória (Lisandro Nogueira), na avenida Frei Serafim, na antiga rua Santo Antônio (Olavi Bilac), no Bairro São joão, no Largo do Poço (praça Landri Sales).
BANHOS: os homens tinham os chamados pontos para banho: o Pau-d'Água, em frente à atual praça Da Costa e Silva, e os das Tabocas, abaixo da ponte metálica.
QUITANDAS: bem sortidas. Carne-de-sol, porco salgado, banha derretida, bacalhau, sardinha portuguesa, pães de massa grossa e sovado, manteiga proveniente da Europa em latas grandes, vendida no retalho. E deliciosos vinhos portugueses.
CALÇAMENTO: conta-se que o primeiro calçamento de Teresina foi obra de Domingos Monteiro, intendente e prefeito três vezes. Ruas apenas empirraçadas. No verão se levantavam muita poeira, chamada PÓ MAMBIRA, pois a irreverência popularapelidara o administrador de Mambira. Conheci Domingos Monteiro, cidadão honesto, trabalhador, culto e dedicado aos problemas da cidade.
QUITUTES: muito apreciados. Os rebuçados de Dona Loló, as cocadas de Totonha, a panelada de Luziana, o assado de panela do Filomeno, o cuzcuz do João Olegário, os refrescos de pega-pinto, os bolos de dona Quequé, os sorvetes do Café Avenida, as empadas do Manuel Português, as mãos-de-vaca do Doutor. O Bar Carvalho servia filé e fígado de grelha de sabor ainda presente na saudade de quem os comeu, feitos por Gumercindo, Guimarães, João Bebé, Ludgero e o auxiliar Mundico.
MATO: batia-se o mato das ruas duas ou três vezes por ano. Quando não se conseguiam operários, os serviços se confiavam aos presos da Penitenciária.
ENTERROS: os caixões se levavam a mão por encarregados ou pessoas amigos do defunto. Gente rica pagava mais, com direito a banda de música: os adultos, marcha fúnebre, valsa para as moças virgens, dobrados para os rapazes. Principais funcionários das funerárias: Anísio Veras e Benedito Caixão.
A. TITO FILHO, 01 DE ABRIL DE 1992, JORNAL O DIA
Estou encantada com o blog!Os textos estão bem escolhidos e a diagramação é maravilhosa!Parabéns!Ana Brandim
ResponderExcluir