Dizem que Juscelino realizou a revolução industrial brasileira. Implantou fábricas de automóveis e eletrodomésticos. Maravilhosa sabedoria. O bom Brasil largou o campo, a produção agrícola, e correu para as cidades grandes dos automóveis, das enceradeiras, das máquinas de lavar roupas. As exportações milionárias de carne desapareceram. Só São Paulo e o sul permaneceram fiéis à produção agrícola, embora não recusassem a industrialização. E cada dia o Brasil fica pior, com a infernal máquina publicitária em busca de mercado para tudo o que os norte-americanos emprestam às fórmulas de fabricação, cobrando roáltis absurdos. O Brasil, é bem de ver, faz parte do quintal da América Latina.
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A Prainha foi lugar dos mais aprazíveis de Teresina. Tinha uma finalidade social: o lazer, sobretudo o dominical. Dava gosto freqüentá-la. Não durou muito tempo o seu ambiente cordial e amigo. Invadiram-na mariposas e horizontais de todo tipo. Firmou-se como ambiente de demoradas cachaçadas. Tornou-se local de violência e mortes estúpidas. Assim vai ser Poticabana, foco de drogas, de viciados, de revólveres. Quem viver verá.
Que é do Clube dos Diários? A Polícia de Teresina deveria ter ao menos compostura. Meses atrás, ainda se podia tomar uma cerveja em sossego nessa outrora casa de beleza espiritual. O próprio jogo, nos porões, tinha a freqüência de pessoas ilustres e dignas, que procuravam um pouco de diversão noturna. A jogatina agora está explorada por mulheres de vida livre, raparigas velhas surradas que passam a noite de olhos abertos em companhia de indivíduos desconhecidos, gente agressiva e deseducada, com exceções algumas. Ambiente de perdição e luxúria, no centro da cidade de Teresina.
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Não haverá inverno. Os sábios já decretaram sete anos de invernos fracos neste miserável Nordeste brasileiro. Descansará o povo do Poti Velho, livre das enchentes enormes de derribar choupanas. O pessoal um dia criará juízo. José Antônio Saraiva, baiano inteligente, recusou o local para a construção de Teresina justamente por motivo das fortes invernadas, alagações e outros tormentos. Mas o povo não arredou pé de lá até hoje. Viva a burrice.
A. Tito Filho, 07 de fevereiro de 1990, Jornal O Dia.
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