Piauiense de Valença, nascido em 1925. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, cedo ingressou na política, filiando-se aos quadros da antiga União Democrática Nacional. Deputado da Assembléia Legislativa do Piauí, logo se revelou temperamento combativo, mas sempre disposto ao diálogo de que resultassem benefícios coletivos. Em renhido pleito popular conquistou a prefeitura de Teresina, realizando administração sóbria, honesta e segura. Encerrado o mandato a 31 de janeiro de 1963, já estava eleito Governador do Piauí, em cujo cargo deu especial atenção aos problemas e assuntos educacionais, além de realizações da mais alta importância. Expandiu a rede de ensino primário e médio. Criou e instalou o Conselho de Educação. Encampou a Faculdade de Odontologia e criou a Faculdade de Medicina - institutos que, com as faculdades de Direito e Filosofia, se tornaram o ponto inicial da futura Universidade.
Os conterrâneos mais uma vez depositaram confiança no jovem líder e ei-lo, 1967, Senador da República, reeleito oito anos depois para o segundo mandato. Revelar-se-ia, então, o homem de Estado, sensível aos acontecimentos políticos e sociais da nacionalidade. Logo foi investido da vice-liderança do Governo, numa época de conturbações partidárias. Em seguida, líder. Começavam a pesar-lhe sobre os ombros importantíssimas responsabilidades nacionais. Presidente do Senado e consequentemente do Congresso Nacional, duas vezes. Presidente da Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Praticou, em todas as funções, seriedade, e nunca fugiu da verdade. Deu-lhe o Governo a incumbência de ouvir setores da vida brasileira - e aí surgiu a Missão Portella e a derrubada dos diplomas totalitários da República. Coordenador político do Presidente João Batista Figueiredo, de quem aceitou, o cargo de Ministro da Justiça, levando o Ministério a reconquistar o seu prestígio e grandeza no quadro político republicano. Enfrentou problemas graves: a censura, a violência urbana, a extinção e a criação de grêmios partidários. De tudo se saiu com aprumo, equilíbrio e dignidade, acatado e respeitado por correligionários e adversários. Traço eloqüente do seu caráter: não enganava. Era veementemente sincero. Não dava publicidade a preocupações que o afligiam, mas não deixava de confessá-las aos companheiros de vida pública, do Governo e da Oposição, para que pudessem, com as advertências, ser preservadas as instituições.
No Senado, praticou gesto sem precedentes, concretizando o plano editorial com a publicação de obras e debates das mais extraordinárias figuras do Parlamento brasileiro.
E ao Piauí ofereceu a luta e o esforço permanente, conseguindo, nos idos de 1968, que o presidente Costa e Silva criasse a Fundação Universidade Federal do Piauí, com o objetivo de manter a Universidade Federal do Piauí - entidade que era sonho e hoje é orgulho dos piauienses.
Inteligente, culto, devotado à terra que o viu nascer e à sua gente, Petrônio Portella, nestes últimos anos, se dedicava sobretudo ao culto da bondade e da virtude. Exonerara-se de quaisquer ressentimentos para com os outros. Amava a concórdia. Queria bem a todos.
E foi esta imagem que ele deixou, no dia 06 de janeiro de 1980, data da viagem sem regresso: um coração e um cérebro a serviço do próximo.
A. Tito Filho, 07/11/1990, Jornal O Dia
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