Corre que os oeirenses não gostam de Jose Antônio Saraiva, o garotão baiano que passou os pés no pessoal da antiga Mocha e cantou a sede do governo do Piauí na Chapada do Corisco, uma fazenda de gado sujeita a raios e trovoadas, a futureira e boa Teresina das curicas e das pipiras, que eram cablocos de dar o que falar. Operárias domésticas e operárias da fábrica de tecidos, gostosas tanto, nas tipóias como nos jiraus.
Bons sujeitos os oeirenses, mas foi o jeito entregar os couros a Saraiva, perito na puxada de saco quando, para que lhe aprovassem o ato heróico, batizou a nova cidade com uns bonitos arranjos do nome da imperatriz Teresa Cristina, reinante na época.
Gosto dos oeirenses espoliados em favor do desenvolvimento da Província com a aproveitação do rio Parnaíba, caudaloso e cheio de cantiga dolente. Tenho a gente da Mocha em boa conta. Aprecio Leopoldo Portela, cidadão de inteligência aprimorada, orador e poeta sinceramente lírico. Era monsenhor católico de muita sabença, mas largou as vestes de saia, o latim, o missal para satisfazer os atrativos de moça bonita e educada. Entregou-se também ao magistério universitário.
Nos fins dos anos 70 e princípios da década de 80, Dagoberto Ferreira de Carvalho Júnior iniciou a obra de me catequizar para instantes cívicos de Oeiras, no mês de janeiro, quando os oeirenses não esquecem o visconde da Parnaíba, uma das muitas relíquias preciosos do passado da ex-capital, administrador, lutador, possuidor de gado, louco por amigação, com as mulatas bundudas dos seus territórios, que ele deglutia para a fabricação intensiva de molecotes bastardos.
Dagoberto Júnior escreve poemas de bom gosto. Poeta de quatro em quatro anos. Gosta mais de cheirar a história, papéis velhos, madeira pintada de antigos oratórios caseiros, imagens de santos, altares e retábulos. Conhece em profundidades becos, ruas e praças da sua cidade. Historiador e intérprete da história politica e social do povo do sertão de dentro e do Piauí. Pesquisador plural. Sabe de padres e de bispos que pastorearam os recantos piauienses. Grande talento fundou o Instituto Histórico de Oeiras, entidade acreditada e aplaudida.
Oeiras tem ajudado com muita peça a boa vida cultural da terra e do povo do Piauí.
A. Tito Filho, 10/05/1989, Jornal O Dia.
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