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domingo, 30 de maio de 2010

OEIRAS I

O território de Oeiras pertenceu a Pernambuco, mais precisamente à paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Rodelas, ou Cabrobó. Aí se levantou a capela sob invocação de Nossa Senhora da Vitória, cuja sede estava na povoação que nascia conhecida pelo nome de Mocha. Era o ano de 1697. A instalação da vida deu-se em 1717. Ano de 1733 fundou-se a matriz de Nossa Senhora da Vitória, a primeira igreja regular do Piauí, para o que se demoliu a velha capela do arraial ou fazenda Cabrobó. Em 1761 Mocha tomou o nome de Oeiras, em homenagem ao conde do mesmo nome, depois marquês de Pombal. Em 1762 passou a cidade e capital da capitania. Nela residiram e administraram os governadores nomeados por Portugal. O primeiro governo independente se estabeleceu a 24 de janeiro de 1823, com o Piauí-Província e a longa administração do Visconde da Parnaíba. Em 1835, funcionou a primeira Assembléia Legislativa. Capital da Província até 1852, com a fundação de Teresina.

Berço de ilustres figuras políticas do Império. Parlamentares e jornalistas de nomeada participaram de sua história. Nas letras oeirenses, enalteceram a vida intelectual do Piauí vultos como Clodoaldo Freitas, Pedro Brito, Nogueira Tapety, Leopoldo Ferreira, Benjamin Batista, Vidal de Freitas, Bugyja Brito, Possidônio Queiroz. Entre os novos contam-se Petrarca Sá, O.G. Rego de Carvalho, Balduino Barbosa de Deus, José Expedito Rego, Dagoberto Júnior, Pedro Ferrer, Alvina Gameira.

Já escrevi que em Oeiras se passaram os episódios primeiros da vida social e política do Piauí. Por ela começou a saga do desbravamento. Berço da religião católica em terras piauienses. Cheira a passado. Relíquia de civismo. Recolhe também a memória dos amores madrugadinos do seu maior reprodutor, o patriota Manuel de Sousa Martins, tangedor e dono de gado, de vastos cabedais, experiência e sabedoria. Sertão bruto, de chão glorioso, onde jazem heróis verdadeiros. A cidade vale uma peça lírica do passado, nascida nos sertões de dentro, com a bravura de supostos vácuos sem fim e solidões insolentes. Monumento nacional, guarda perenemente as tradições do Piauí.

A Tito Filho, 05/05/1989, Jornal O Dia.

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