Avelar Brandão Vilela nasceu nas Alagoas, em 1912. Sacerdote da Igreja Católica em 1935, com exercício do seu ministério em Aracaju. Professor de português e literatura. Cônego aos 27 anos. Iniciou trabalho sério na recristianização da sociedade. Assumiu o bispado de Petrolina (PE), em 1946, o mais jovem bispo do Brasil. Estimulou programas sociais para dignificar o homem no desolador quadro nordestino. Arcebispo de Teresina, 1956, adotou o lema evangelização e humanização. Criou a Ação Social Arquidiocesana, a Rádio Pioneira, a Faculdade Católica de Filosofia. Restaurou o Colégio Diocesano. Promoveu o primeiro Congresso Eucarístico da capital piauiense. Exerceu importantes funções na Conferencia Nacional dos Bispos. No Conselho Episcopal Latino-Americano desempenhou diversos mandatos, entre os quais o de presidente. Participou de reuniões internacionais em Chicago, Nova Iorque e Washington.
Nomeado por Paulo VI, tomou posse como o 23º Arcebispo de Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, o sólio primacial do Brasil. Enfrentou a etnia religiosa. Desenvolveu luta persistente contra a miséria e a dor na cidade e no campo. Defendeu os direitos humanos. Deu especial atenção à religiosidade popular. Hospedou na sua residência particular João Paulo II. Animou a vida cultural baiana.
Extraordinárias as comemorações do seu jubileu, em 1985, sempre a serviço da Igreja e do homem. Faleceu em Salvador, 19-12-1986.
Deixou importantes homilias e sermões, discursos e pronunciamentos publicados sobre assuntos diversos. Grande orador sacro, de linguagem sóbria, correta, de profundas mensagens humanas e sociais. Pertenceu a inúmeras associações e mereceu numerosos títulos de cidadania e diplomas de mérito. Membro da Academia de Letras da Bahia.
Principais trabalhos intelectuais: "Oração aos Médicos", "Amazônia: Esperança e Desafio", "Filosofia e Desenvolvimento" e "Prece que brota da vida".
Em Teresina muito incentivou o movimento socialista rural, atraindo odiosidades e malquerenças de rançosos latifundiários e exploradores do homem abandonado do interior. Enfrentou os poderosos, sem recear iras e furores. O movimento militar de 1964 julgava-o perigoso de idéias.
Mais de uma vez conversei com esse admirável pastor de almas e lutador por causas populares. Admirei-o na coragem cívica e na fé cristã, na tenacidade com que agia em defesa dos princípios de sua crença.
Um dia entrevistei-o sobre o grave problema da castidade dos sacerdotes católicos, circunstancia que se chocava contra a natureza humana do sexo. Disse-me que o padre podia muito bem sublimar-se e abdicar, assim educado espiritualmente, dos prazeres carnais.
Acreditava na socialização dos bens essenciais da vida. O homem tem direito ao alimento, à habitação humana, à educação, à liberdade de ser gente.
Foi orador único, em nome de Teresina, na solenidade bonita e inesquecível, quando o Clero e a Academia Piauiense de Letras recebiam as suas despedidas. Não esqueci o gesto de coragem por ele praticado quando a maledicência espalhou aos quatro cantos que o pastor cultivava arrochado namoro com uma diva de belezas tantas.
Aí se deu o espetáculo inesquecível. Depois eu conto.
A. Tito Filho, 02/06/1988, Jornal O Dia.
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