Teresina tem homenageado pouco os seus benfeitores e filhos ilustres com bustos e estátuas e outras marcas sinaladoras de fatos e personalidades. Lembrei-me destes bustos de Pedro II, Rio Branco, Getúlio Vargas, Santos Dumont, estátuas de Helvídio Ferraz, Saraiva, Frei Serafim, Teotônio Vilela e Cardeal Avelar Brandão Vilela, monumentos artísticos à memória de Teresa Cristina e Motorista Gregório.
A mais antiga homenagem se prestou a José Antônio Saraiva, o fundador, na praça da Constituição, hoje Marechal Deodoro: "Uma subscrição popular que teve logo o apoio de todos os teresinenses, sem distinção de partidos, angariou facilmente vultosa importância para tal fim. Fez-se então, para o Rio de Janeiro, a encomenda de uma coluna de mármore, com inscrição apropriada, para coroar uma pirâmide comemorativa que seria levantada no centro da praça" - escreveu o querido padre Joaquim Chaves.
A coluna chegou a Teresina pelo vapor "Uruçuí", o primeiro a navegar pelo Parnaíba. Era o dia 19 de abril de 1859.
Copio ainda de Chaves as inscrições na base da coluna de mármore:
JOSEPHUS ANTONIUS SARAIVA
HANC URBEM CONDIDIT
ANNO D. NI - MDCCCLII
Na outra face está:
PIAUHYENSES
GRATI HOC FECERUNT
ANNO D. NI
MDCCCLVIII
Como se vê as datas da Coluna do Saraiva seriam 1852 e 1858, mas a verdade está em que a encomenda do Rio só chegou a capital em 1859, inaugurada a 21 de agosto do mesmo ano.
O fato foi comunicado a José Antônio Saraiva, na Bahia, que agradeceu nos seguintes termos:
"O Exmo. Sr. José Mariano Lustosa do Amaral, 1º vice-presidente da Província, teve a bondade de comunicar-me estar concluído o monumento, que deve perpetuar a memória de meus pequenos serviços prestados a essa Província por ocasião da mudança de sua capital para a margem do Parnaíba.
Essa comunicação coloca-me na obrigação de renovar meus agradecimentos a todos os que concorreram para semelhante acontecimento.
Estava seguro de que os piauienses, sem exceção de um só, far-me-iam um dia a justiça de crer na sinceridade e dedicação com que promovi a realização do pensamento mais fecundo, que até hoje tem ocupado a atenção do corpo legislativo provincial, e a navegação do belo rio Parnaíba, conseqüência inevitável da mudança da capital, determinaria a época em que seriam avalizadas minhas intenções.
Não supunha, porém, que a generosidade dos piauienses fosse além de minhas esperanças, e de meus votos, e lhe tivesse de dever a honra maior a que poderia aspirar, isto é, a do reconhecimento público e solene de meus insignificantes serviços.
Penhorado por essa honra, que deve acoroçoar a todos os altos funcionários do país, sinto-me de hoje em diante na necessidade de provar à Província do Piauí, de onde trouxe as mais belas recordações de minha vida pública, que nunca esquecerei o cavalheirismo com que recompensou os esforços do mais obscuro e do mais grato de seus admiradores.
Bahia, 18 de outubro de 1859.
José Antônio Saraiva"
A. Tito Filho, 09/04/1988, Jornal O Dia.
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