A noticia da Lei Áurea chegou a Teresina no mesmo dia 13, mas de noite. Houve logo passeata de todas as classes sociais. Joel Oliveira, colecionador dos principais fatos de Teresina, conta que no dia seguinte, 14, o povo vibrou de entusiasmo. Houve intenso foguetório. Grande massa de gente organizou desfile e fizeram-se inflamados discursos.
Joel lembra que a 17, meio-dia, os negros libertos partiram da praça da Constituição (Deodoro), liderados por ilustres homens políticos, como o major Raimundo Lopes, o cônego Tomás Rego, os capitães Francisco Sampaio, José de Castro e Antônio Dinis, e dirigiram-se ao palácio do governo. Recebidos pelo presidente da Província Francisco José Viveiros de Castro. Houve discursos inflamados. Daí, com a musica da Polícia, a multidão percorreu as ruas e visitou jornais.
A 19, nova passeata, que saiu da Assembléia Legislativa, à noite. Foram oradores: Anísio de Abreu, Francisco Martins, Poliodoro Burlamaqui. O préstito percorreu as ruas da Glória (Lisandro Nogueira), Amparo (Areolino de Abreu), Palma (Coelho Rodrigues), Grande (Álvaro Mendes), Bela (Teodoro Pacheco), São José (Félix Pacheco) até a praça Saraiva. Novos oradores: Gabriel Ferreira, Teodoro Pacheco, Cônego Honório Saraiva, Padre Germano Araújo, Augusto Ewerton e outros. O médico Raimundo de Area Leão recitou poesias suas.
A 20 realizou-se a festa dos libertos. A avenida fronteira à igreja de São Benedito (Antonino Freire, hoje) amanheceu embandeirada e enfeitada de palmeiras (patis). Badalaram os sinos das igrejas. No templo citado houve missa. As escravas trajavam-se de branco com laços de fita azul. Celebração pelo cônego Tomás Rego. Presença do presidente da Província.
Terminadas as orações, povo e autoridades se encaminharam ao palácio do governo. Houve discursos. A multidão seguiu para a rua Grande, local da festa. Ouviram-se os drs. Sousa Lima e João Cabral.
Ao depois, almoço na residência do cônego. À noite, animadíssimo baile.
Como se observa do registro dos acontecimentos, que Joel Oliveira pesquisou, Teresina "recebeu jubilosa o ato de libertação de todos os cativos e, na medida de suas possibilidades, festejou condignamente o despontar de nova alvorada de promissão".
Em 1938, o governo Leônidas Melo, entidades diversas e as classes sociais promoveram grande solenidades cívicas comemorativas dos 50 anos da lei assinada pela princesa Isabel em nome do imperador Pedro II.
A. Tito Filho, 12/05/1989, Jornal O Dia.
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