"Da companhia que em 1858 representava no primeiro teatro da novela capital, pouco ou nada se sabe: seria de amadores locais? Seria forasteira?"
Conservaram-se, entretanto, os nomes de algumas peças montadas, tais como a comédia - vaudeville "As memórias do Diabo", de Etienne Arago (1802-1892); a comédia "A afilhada do Barão" e o drama "Dona Maria de Alencastre", de Mendes Leal (1818-1886); a comédia "O pobre Jaques", o dueto "O castigo" e as farsas "Bernardo na Lua" e "O caixeiro da Taverna", que suspeitamos tratar-se da comédia homônima de Martins Pena. Com a transferência da capital de Oeiras para Teresina, a organização de uma companhia comercial para explorar a navegação no rio Parnaíba e a aquisição de um novo vapor, o Uruçuí, em 1859, novas perspectivas se descerravam, facilitado que ficou o acesso de artista e de elencos ao Teatro Santa Teresina, distante do mar 500 quilômetros .
Entretanto, a ser forasteiro a companhia dramática da Empresa Rocha Pereira, julga-se que foi a partir de São Luis que ela viajou para apresentar em 1860 a comédia "Estrela" ou "A virtude triunfante" e o vaudeville "O cara linda, pregador de cartazes"
A essa altura o Teatro Santa Teresa deve ter passado por sua primeira reforma, preconizada no Relatório de 1859 pelo Presidente da Província Antônio Correia do Couto, e do qual extraímos as seguintes considerações: "(...) o Teatro Santa Teresa desta capital, onde pessoas curiosas têm, por vezes, desempenhado bem sofrivelmente seus papeis (...) Conviria muito que se desse ao nosso teatro a animação que se faz necessária e for compatível, já pelo lado material, aumentando-lhe os cômodos, já pelo lado do pessoal, a quem, por incentivo, se deveria estabelecer um modo de premiar os atores por cada vez que se distinguissem, e assim uma mensalidade aos que são reconhecidamente pobres, como sejam os hábeis artistas Gil Brás de Matos e Augusto Rafael Lucci, visto como é sabido que, por ora, as representações pouco deixam, além dos gastos".
Palavras de incentivo, quase divinas, raramente ouvidas em lábios ou brotadas de canetas dos detentores do poder. Os governos piauienses sucediam-se com marcantes rotatividades, mas suas simpatia para com os cenários persistia, tentando impedir a ruína total do velho prédio, mediante novos reparos em 1867, quando da administração de Adelino Antonio de Luna Freire.
Imprestável o prédio para funções teatrais, foi reconstruído pelo Presidente Adolfo Lamenha Lins e destinado a duas escolas públicas em 1874. Menos mal. Porém o teatro teresinense não teve outro remédio senão voltar para o interior das mansões particulares, por vários anos.
A. Tito Filho, 07/09/1989, Jornal O Dia.
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