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sábado, 18 de setembro de 2010

POESIA

De Mogi das Cruzes, simpática comunidade paulista, Inocêncio Candelária, expoente de sua vida literária, escreveu:

O poeta de "Na Boca do Vulcão", Nelson José Nunes Figueiredo, tem inspiração original e tem o poder da imaginação fértil. Liberto das tradições da forma e do fundo da poesia clássica, ele cria conceitos e imagens arrojadas do seu pensamento do poeta modernista, de artista das novas concepções da poesia livre.

Nascido e sentindo os ideais de minha juventude no apogeu da Escola Parnasiana, com os seus poetas-líderes Machados de Assis, Olavo Bilac, Luiz Guimarães Júnior, Afonso Celso, Raimundo Correia, Vicente de Carvalho, Guimarães Passos, Amadeu Amaral e outros, sempre admirei e admiro a poesia de outras Escolas, quando trazem o talento e a arte sentimental do poeta.

Em todas as Escolas, no parnasianismo, no simbolismo, e outras, no modernismo, com todas as suas ramificações, há os bons poetas e os maus poetas, os poetas de fato poetas e aqueles que se esforçam em sem artes, para sê-los. Por isso há poesias agradáveis ao espírito do leitor e as que passam despercebidas, sem gravação ou emoção sentimental do leitor, tanto nas produções submetidas a forma e fundo, quanto nas desligadas das formalidades clássicas.

O poeta Nelson José Nunes Figueiredo, piauiense da geração pós-6ª, liberto das trincheiras de poesia metrificada e rimada, com o vulcão de sua alma sentimental e o valor da imaginação ardente do seu espírito de artista, tem no seu livro "Na Boca do Vulcão", versos de bom poeta, versos vibrantes que permanecem, que ficam no subconsciente do leitor, pela singularidade de suas idéias estéticas, dentro da Escola Modernista. Na sua poesia há inquietude e sentimento real da vida, subjetiva, interiorizada. Há no presente livro poemas interessantes como "Fábrica", "Phoemhomérios", "A Cinderela", "O Poema e a Máquina", "Armadilha", "Flash Noturno", "O Exército da Rosa". Para dar a verve do poeta Nelson Nunes, transcrevemos aqui o seu poema "Fábula" do seu presente livro:

"O mar/céu subterrâneo/cheio de mistério/e as estrelas apagadas/No fundo claroescuro das águas/algumas estrelas caídas viram peixe/outras/os peixes comem/Um dia/um pescador comeu um peixe/que havia comido uma dessas estrelas/e toda a sua fome se transformou em luz".


A. Tito Filho, 04/10/1988, Jornal O Dia.  

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