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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

TEATRO NO PIAUÍ - I

Os talentosos escritores Lothar Hessel e Georges Readers prestaram grande serviço às letras históricas e artísticas com a publicação de O TEATRO NO BRASIL, em três volumes. No tempo do Império, os autores destacaram, no capítulo 21, o TEATRO NO PIAUÍ, e escreveram:

"Quem diria que sob o título Praça Aquibadã, sem Número se oculta uma consistente monografia sobre o teatro no Piauí?"

A capa é coloridamente ilustrada com a fachada, de aberturas com arcos em colchetes, e com a inscrição Theatro 4 de Setembro, de Teresina, inaugurado em 1894. Mas a matéria, que cobre as 158 páginas do volume, reporta-se também ao período anterior àquele importante acontecimento da cidade fundada em 1852 pelo baiano José Antônio Saraiva (Santa Amaro, 1823 - Salvador, 1895).

De 1852 arranca também o inicio das atividades dramáticas na nova capital: "Escreveu Higino Cunha que o teatro em Teresina é contemporâneo da fundação desta cidade em 1852. Com a mudança da capital, de Oeiras para a antiga Chapada do Corisco, vieram para aqui, também, alguns amadores do palco que, na velha capital, divertiam o público, representando peças".

Os primeiros espetáculos (...) se davam em casas particulares. A mais antiga era situada na Praça da Constituição, hoje Marechal Deodoro (prédio da Assembléia Legislativa, nos dias que correm). Pertenciam a João Isidoro da Silva França".

Como esse patrimônio tencionasse alienar o imóvel, o Presidente da Província João José de Oliveira Junqueira (Bahia, 1831-1887) determinou sua aquisição e conveniente melhora, não só interna como também externa, prevendo-se um frontispício de acordo com sua destinação, o que certamente não tinha quando simples residência particular. De como esse clarividente baiano encarava com simpatia a arte dramática, podem dar testemunho as palavras que continha a sua mensagem à Assembléia Provincial: "Hoje é um sofrível teatro, a que dei o nome de Santa Teresa, e a Companhia que nele representa precisaria de ser animada por essa Assembléia, concedendo-lhe, como fazem muitas províncias, uma subvenção anual, ainda que módica".

E de como se comportava o público piauiense, por volta daquele ano de 1858, há o testemunho de um jornal daquele ano, transcrito por Monsenhor Joaquim Chaves num de seus livros, Teresina: subsídios para a História do Piauí: "a platéia tornou-se insuportável, praticando por duas vezes atos dignos de geral reprovação, porque, sem motivo, os gaiatos que ali se aglomeravam irromperam a representação com vozerias extemporâneas. Alguns moços inexperientes tem o costume de munirem-se de assovios, pistolinhas, bengalinhas, para fazerem barulhos. Isto não pode, nem deve continuar assim".


A. Tito Filho, 06/09/1989, Jornal O Dia.  

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