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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O VELHO LICEU - I

Ingressei no Liceu Piauiense como estudante do curso ginasial, no tempo em que este se integrava de cinco séries. O educandário funcionava na praça Demóstenes Avelino, lugar que depois seria ocupado pela Faculdade de Direito, hoje, pela Biblioteca Cromwell Carvalho. De quantas recordações se povoa ainda agora o meu espírito - as traquinagens, a severidade das provas parciais, os bons mestres Agripino Oliveira, Padre Moisés Pereira dos Santos, Álvaro Ferreira, Francisco César de Araújo - este ainda no rol dos vivos - e tantos outros, bem composto, sabedores do que ensinavam, respeitados, queridos.

Em 1936, o governo transferiu a sede do educandário para edifício próprio, projetado pela inteligência objetiva de Luís Mendes Ribeiro Gonçalves. Era 3 de maio, primeiro aniversário da administração governamental de Leônidas Melo. Dia de muita festa cívica. Houve parada, de que participei garboso, peito saliente, como queria o sargento comandante da tropa estudantil do desfile. Farda engomadinha, botinas engraxadas. Naquele tempo, usava-se uniforme cáqui. O paletó tinha duas lapelas, em que se bordavam duas penas brancas, uma de cada lado. Ao final das mangas compridas, as listras horizontais.

Nunca me saíram da cabeça as peraltices notáveis da estudantada. Os jornaizinhos de críticas e piadas. Os assaltos as bancas de vendedores de frutas no mercadão da praça Deodoro. As suspensões rigorosas pelos chamados de indisciplina. O repúdio aos delatores, bem assim aos furadores de greves. A intransigente solidariedade entre os colegas. Os processos de pesca nos exames escritos.


A. Tito Filho, 06/08/1989, Jornal O Dia.

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