Francisco das Chagas Rodrigues nasceu na terra piauiense de Parnaíba. Elegeu-se deputado federal para a legislatura de 1951 a 1955, pela antiga União Democrática Nacional. Reelegeu-se para o quadriênio parlamentar seguinte, já agora nas hostes do Partido Trabalhista Brasileiro. No pleito eleitoral de 1958, mereceu dupla eleição: para a Câmara dos Deputados e para o governo do Piauí. Deu preferência ao mandato de governador, assumindo o cargo a 31 de janeiro de 1963. Realizou profícua obra administrativa, dedicada aos humildes, aos pobres, aos desfavorecidos. Progressista e corajoso. Prestigiou o 1º Congresso Eucarístico do Piauí, implantou sociedades de economia mista. Criou a Comissão de Desenvolvimento do Estado, que se transformaria em Secretaria do Planejamento. Constituiu-se, no seu tempo, a Companhia Hidrelétrica de Boa Esperança. E expandiu de modo extraordinário a rede do ensino secundário a fim de que os pobres tivessem acesso ao estudo. Renunciou ao mandato em 3 de julho de 1962. Desincompatibilizou-se para candidatar-se a deputado federal, eleito pelo Partido Trabalhista Brasileiro, na legislatura de 1963-1967. Outra vez se elegeu. Assumiu a cadeira a 1-2-1967. Desta vez teve o mandato cassado e os direitos políticos suspensos por dez anos, injustiça clamorosa e estúpida contra um dos mais brilhantes membros do Congresso Nacional, uma das muitas perversidades do regime militar iniciado em 1964. Com a anistia, Chagas Rodrigues voltou às atividades partidárias, filiado no PMDB. Não logrou vitória. Derrotou-o o eleitorado interiorano. Mas em 1986, com expressiva maioria concedida pelo povo de Teresina conquistou um lugar no Senado da República e na Constituinte.
Como governador do Piauí, o ilustre homem público teve dois erros políticos insanáveis: 1) a desarmonia com o Poder Judiciário, que quase acarreta intervenção federal no Estado e 2) a tentativa de liquidar a liderança que surgia, a do prefeito de Teresina, Petrônio Portella, da União Democrática Nacional, agremiação coligada com Chagas e que com ele rompeu para a solidariedade a Petrônio, vitorioso na eleição seguinte para o governo.
Chagas Rodrigues desenvolveu aplaudida e admirável atuação na Constituinte. Corajoso, sem arrefecimento, jamais azinhavrou o mandato trocando-lhe a honorabilidade por prebendas e vantagens amorais. Dignificou a sua gente. Li que uma entidade ligada aos trabalhos do Congresso Nacional lhe concedeu nota dez, premio maior da sua compostura e da luta incansável em favor dos humildes, dos pequeninos, dos operários. Votou por reformas necessárias e oportunas.
A gente se envaidece de ver conterrâneos assim, na medida da sua grandeza cívica.
A. Tito Filho, 09/10/1988, Jornal O Dia.
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