Estudei em Fortaleza três anos. Tive bons mestres e quanto me recordo de Colombo de Sousa, Mardônio Botelho, Raimundo Cela - e desse admirável Martins Filho, que se formou no Piauí, e depois seria o arquiteto da Universidade Federal do Ceará.
O Piauí deu à terra alencarina algumas figuras de grande conceito em diferentes áreas da inteligência. Dos mais antigos, podem citar-se Francisco Alves Lima, nascido em Pedro II , ano de 1869, poeta e jurista. Odorico Castelo Branco, de 1876, o famoso educador do Colégio Castelo. O ilustrado jurista Luís Correia, mestre da Faculdade de Direito do Ceará. O intelectual Victor Hugo, nascido em Floriano, 1898. O desembargador e jurista Antônio Soares da Silva, jurista, de Valença onde nasce em 1903.
Os cearenses costumam relacionar como conterrâneo seus José Coriolano de Sousa Lima. É bem de ver que esse profundo lírico, romântico, cantor da natureza, nasceu em Vila do Príncipe Imperial, em 1829, quando a vila pertencia ao Piauí, passando ao Ceará muitos anos depois, com o nome de Castelo.
Dos piauienses nascidos da década de 20 em diante e que se fixaram em Fortaleza, vitoriosos na vida cultural da nova terra de trabalho, lembro-me de Teoberto Landim, das bandas de Pio XII, contista, ensaísta e romancista. E mais: poeta Vasques Filho (Teresina); Flávio Portela Marcílio, deputado, governador, orador (Picos);, Cláudio de Almeida Santos, jurista, de Parnaíba (1935); Herbert Maratoan Castelo Branco, desembargador, jurista; Barros de Pinho, político, poeta, secretário de Estado, de Teresina (1939); Emanuel de Carvalho Melo, pintor, poeta e prosador, vindo ao mundo em Piripiri, 1950. E essa exemplar figura de virtudes muitas Geraldo Fontenelle (1934), de Batalha.
Deve haver mais gente nossa por lá, como Genuíno Francisco de Sales e outros cristãos sinceros.
Geraldo Fontenelle mereceu eleição para a Academia do Longá - entidade prestigiosa, e brevemente se empossará na cadeira. Jornalista de mérito. Poeta de versos cósmicos, novelista. Escreveu livros projetados como "Notas do Caderno de um Repórter", "As estrelas brilham também durante o dia", "Porto Cinzento", "Idéias - Ação e Atualização" e recentemente publicou "Os castiçais dos mortos", em que desfilam figuras humanas impecavelmente retratadas, nos simples como nos complexos caracteres. Geraldo é antes de tudo cronista talentoso, fiel observador da vida e dos tipos que nela se agitam. Sabe compor a escritura com arte e limpidez de linguagem.
Não se tenha dúvida de que Geraldo vale uma forte fonte de riqueza da literatura cearense, para alegria do Piauí. De fidelíssimas crônicas fortalezenses.
A. Tito Filho, 08/04/1988, Jornal O Dia.
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