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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

FÉLIX - I

Nasceu em Teresina (PI), 2-8-1879. Faleceu no Rio de Janeiro (RJ), 6-12-1935, aos 56 anos de idade, após rápida e cruel enfermidade, que suportou com resignação cristã. Pais: Gabriel Luís Ferreira (admirável magistrado) e Maria Benedita Cândida da Conceição Pacheco. Para o Rio, em 1890, levou-o o tio, senador Teodoro Alves Pacheco.

Estudou no célebre Instituto de Karnak, de Teresina. Os estudos secundários foram realizados no Colégio Militar (Rio). Muito jovem ainda, na antiga capital da República, ingressou no jornalismo, iniciando-se em "O Debate". Logo passou à redação do "Jornal do Comércio", em que percorreu todos os postos, de repórter a diretor e a proprietário.

O jornalista. Ingressou no "Jornal do Comércio" em 1889. Viveu do jornal e para o jornal. Fez passar pelo grande órgão sopro de notáveis campanhas. Agitava idéias e projetava extraordinárias figuras cívicas. Escreveu ensaios nas colunas do jornal. Panfletário, combatente, corajoso, nada temia. Mas sereno, de períodos rítmicos, curtos, diretos.

O poeta. Começou impregnado de Verlaine, Rimbaud, Baudelaire. Mergulhou na experiência humana para descobrir o inconsciente, o mar, o amor e a morte. Simbolista, aprendeu o segredo das cousas antigas e profundas. Conhecia o mistério das palavras. Poesia de gosto novo, de preocupação com os problemas interiores. Gostava de modificar os seus poemas. Morreu cantando.

Félix foi, no Brasil, o magnífico revelador do gênio de Baudelaire, iniciando ensaios de análise e interpretação de vários aspectos da estética do poeta. A sua bravura intelectual explica o ardor com que estudava a obra do francês. Precedeu até aos críticos de França, no exame das concepções baudelaireanas. Com erudição, mostrou o artificialismo do autor de "Flores do Mal", de quem afirmou ainda o sentido poético religioso. Neste ponto Félix poderia ser chamado de o interprete.

O historiador. Interessantes os seus estudos da história pátria. Estreou com a biografia e a analise de Evaristo da Veiga. Mais tarde viria o estudo sobre o Marques de Paranaguá, perfil político magistral. Pesquisou as origens do "Jornal do Comércio". Escreveu ainda "Duas Charadas Bibliográficas", monumento de erudição.

O político. Um dos políticos que mais se impuseram pelos méritos e nobreza de atitudes. Deputado federal doze anos, sempre convocado e apoiado pelos conterrâneos. Brilhante a sua ação na Câmara: operoso nos pareceres, vigilante na tarefa orçamentária. Líder de sua bancada, legou aos anais idéias e princípios. Eleito (1921) senador por nove anos, ainda pelo Piauí. Antes do término do mandato, o presidente Artur Bernardes nomeou-o para a pasta das Relações Exteriores. Relutou em aceitar o cargo. O próprio Bernardes lhe escreveu, textualmente: "Sua modéstia o faz mau juiz em causas próprias". Aconselhou-se com Rui Barbosa e Epitácio Pessoa. Ambos prometeram ajudá-lo na grande tarefa.

Novamente escolhido senador, em 1927, o seu diploma foi impugnado e contestado por ridícula campanha política. O Senado rasgou-lhe o diploma e ele se afastou, desde então, completamente, de qualquer atividade política.


A. Tito Filho, 13/10/1988, Jornal O Dia. 

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