Folk é povo; lore é ciência. Folclore - ciência do povo, ao pé da letra.
Tenho que folk corresponde a povo em sentido espiritual, de força para impor costumes e hábitos. Em sentido material, de habitantes, o inglês usa people.
É longa a história de folk.
O céltico bal (força, multidão), também pronunciado val, entrou para o latim, e nesta língua deu valere (ser forte, valer), vallare (fortificar) e vulgare (espalhar, divulgar). Entre os derivados de vulgare está vulgus, o povo, a multidão, o vulgo português, o volk alemão e o folk inglês. O folclore (aportuguesamente) - diz Gustavo Barroso - abraça vastíssimo quadro da vida popular. Pode se dizer que é toda ela: construções aldeãs, marcas de propriedade em cousas e bichos, objetos úteis, arte, psicologia das gentes, costumes, ornatos, vestes, alimentos, cerimônias, regras jurídicas, jogos, folguedos, brinquedos infantis, instrumentos, religião, superstições, medicina, canções, provérbios, inscrições, músicas, danças, autos, pastorais, facécias, anedotas, linguajar, contos, mitos, lendas, denominações de toda espécie.
Em virtude de abranger todos os processos de vida do povo, no passado como no presente, já se chama o folclore de folk-life. Life é vida.
Joaquim Ribeiro acentua que a palavra folclore está consagrada como denominação da ciência destinada a estudar infra-história dos povos. Pura ciência histórico-social.
Parece que o folclore é um só, comum a todos os povos. Artur Passos salienta tal circunstância: "Outro aspecto do maior interesse ainda é o atinente ao folclore regional, se é que o folclore tem região, se o seu local não é apenas uma configuração do vasto campo mundial".
A Tito Filho, 14/12/1988, Jornal O Dia.
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