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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

PIAUIENSE ILUSTRE

Moysés Castello Branco Filho completou 83 anos em janeiro. Nasceu numa Teresina pequenina e feliz, pobre de dinheiro, porém riquíssima de valores espirituais. Cursou a Escola Militar do Realengo e a Escola de Engenheiros Militares. Participou da Missão Cartográfica Austríaca. Combateu contra a Coluna Prestes, em 1926. Oficial da Missão Rondon. Professor de Cálculos Geográficos. Detentor de Prêmios por serviços culturais e por bens e serviços ao Exercito.

Teve vida intelectual. Publicou vários trabalhos técnico-científicos. Pesquisador inteligente e de rara acuidade, incorporou ao patrimônio do Piauí estudos valiosos, de que se destacam "História da Revolução no Piauí", "Manuel Tomaz Ferreira - Um Patriarca Piauiense" e "O Povoamento do Piauí".

Conheci-o pessoalmente em 1974, quando o velho militar pretendia publicar uma segunda edição revista sobre os movimentos militares que empolgaram principalmente Teresina, a exemplo do cerco da Coluna Prestes, da chamada Revolução de 1930, com a deposição de Humberto de Areia Leão e, por fim, a apelidada revolução dos cabos, à frente da qual o cabo Amador, que, com os colegas da tropa, dominou a oficialidade do 25º Batalhão de Caçadores, colocou o quartel sob suas ordens, prendeu autoridades.

Fiz, no Rio, a segunda edição desse depoimento de Moysés, que atingiu o generalato da reserva.

Nos últimos tempos, entregara-se ele de corpo e alma a pesquisas sobre a gente piauiense. Distribuiu os esforços nos cinco fascículos sob a denominação de CLICLO DO VAQUEIRO: "História de uma Bandeira", a penetração do Piauí, "O Povoamento do Piauí", séculos XVIII e XIX, "História do Comércio de Teresina", com a atividade de sírios e libaneses, "A família rural do Piauí", do século XVII ao XIX, e "A Habitação", entre os séculos XVII e a metade do século XX.

Historiador conceituado, militar de brio, cidadão de hábitos inatacáveis, culto estudioso, leal aos sentimentos e aos deveres, Moysés Castello Filho honrou o seu Piauí no exercício de cargos ilustres e no desempenho de funções de responsabilidade.

A 7 de Setembro deste 1988, perdi o caro amigo. Faleceu no Rio, no seu apartamento da rua Barata Ribeiro. Deixou aos conterrâneos exemplos de honradez e amor constante - e isto vale o mais rico e nobre dos patrimônios espirituais.


A. Tito Filho, 15/07/1988, Jornal O Dia. 

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