Chamou-se Clodoaldo Severo Conrado de Freitas, nascido em Oeiras (PI), e falecido em Teresina, 1924. Cursou seminário católico. Formado em direito pela Faculdade do Recife. Advogado. Teve vida assim como de judeu-errante no exercício de cargos e funções, para o sustento das despesas: chefe de policia Mato Grosso, juiz de direito em Campos (Rio de Janeiro) e Bagagem (Minas), inspetor escolar no Amazonas, deputado estadual do Pará, diretor da Imprensa Oficial do Maranhão, desembargador no Piauí. Uma feita se elegeu deputado federal, recebeu o diploma, que a Câmara Baixa do país não reconheceu, numa grave injustiça.
Publicou: "Os fatores do Coelhado" (história), "História do Piauí", "Vultos Piauienses", "Memórias de um velho", "O Piauí" (canto sertanejo), "Em roda dos fatos" (crônicas), "Contos a Teresa", além das traduções de "O inferno de Dante" e "Os últimos dias de Pompéia". Deixou inéditas obras literárias, conferências, estudos filosóficos e trabalhos históricos.
Possuía grande preparo filosófico. Jornalista elegante. Teve, segundo Higino Cunha, imensa atuação na sociedade e na cultura intelectual piauiense. Cultivou a poesia. Padre Joaquim Chaves considera-o lírico e sentimental, cronista brilhante, historiador acatado, conferencista culto. Como primeiro, no Piauí, ensaiou a crítica das religiões e tornou-se precursor da propagação das idéias da famosa Escola do Recife.
Primeiro presidente da Academia Piauiense de Letras. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Maranhense de Letras.
Casou-se com Corina Couto de Freitas. Do casal houve os filhos Lucídio, Alcides e Marcelino, este último coletor federal. Um dos seus grandes infortúnios foi a perda prematura dos dois primeiros, ilustres e talentosos.
Sobre Clodoaldo escreveu Cristino Castelo Branco: "Figura curiosíssima de homem inteligente e lutador, envolvido durante muitos anos em lutas de imprensa contra os governos e contra o clero, brilhou e sofreu como os que mais tenham brilhado e sofrido até hoje no Piauí. Fisionomia simpática e aberta de homem sincero, franco, altruísta, entusiasta,generoso e altivo. Conheci-o de perto. Amei-o e admirei-o nas cintilações do seu talento, na variedade da sua cultura, na energia indômita do seu caráter, nos imprevistos, nos paradoxos fulgurantes de sua mentalidade fecunda, criadora, sempre renovada. Tenho-o comigo, dentro da consciência moral que me alumia. Vejo-o ainda, já velho, alquebrado e glorioso, sentado à banca de trabalho, horas seguidas, a escrever sempre, com uma felicidade admirável, artigos de combate, crônicas deliciosas, romances, novelas, versos, ensaios de criticas, de história, de direito, de filosofia, de religião...".
A. Tito Filho, 14/06/1988, Jornal O Dia.
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