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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

PROFETA

Nasceu em fazenda de criar, nas proximidades de Barras (PI), em 1836. Recebeu lições de português, francês e latim. Exerceu a promotoria pública. Fundou em Teresina, 1859, o jornal de caráter literário O ARREBOL. Esteve em Olinda (PE), para estudos jurídicos, mas morrendo-lhe o pai retornou ao Piauí, arrimo de família desamparada. Assumiu novamente atividades jornalísticas na capital piauiense. Deputado provincial. (No) Ano de 1868 fundou O AMIGO DO POVO.

Professor da primeira escola normal e, por concurso, do Liceu Provincial, de geografia. Em 1873, muda o nome do seu jornal, agora chamado OITENTA E NOVE, que circulou até 1874, com 31 edições. No artigo do primeiro número escreveu que tinha "a fé robusta de ver a República Federativa estabelecida no Brasil, pelo menos daqui a 17 anos, ou em 1889, tempo assaz suficiente, segundo pensamos, para a educação livre de uma nova geração...".

Predisse o advento da República Federativa do Brasil, precisamente no ano em que ela foi proclamada. O artigo inaugural do OITENTA E NOVE se publicou na revista KOSMOS, do Rio em 1907, e no CORREIO DA MANHÃ, da mesma cidade, em 1909.

Tentou novo jornal, O PAPIRO, de vida curta. Em 1877, de terrível seca, criou O FERRO EM BRASA, efêmero. Neste último ano passou a viver de abstrações, sem contato com a realidade. Faleceu paupérrimo na capital piauiense, 1878. Até na morte os monarquistas o perseguiram. Ligado ao Estado, a Igreja Católica, embora Davi fosse crente em Deus e membro da Irmandade do Santíssimo Sacramento, lhe negou enterro no campo-santo, considerando-o oficialmente ateu - conta Celso Pinheiro Filho: "Cavaram-lhe um túmulo em frente ao portão principal do cemitério de São José, debaixo de velho jabotizeiro ali existente, túmulo que alma caridosa mandou cercar com grade de ferro. Só na década de 30, quando do calçamento da rua, foram exumados os seus ossos e trasladados para dentro do cemitério...”.

Higino Cunha considerou-o o maior jornalista do Piauí no período de 1858 a 1879. O historiador Viriato Correia escreveu que a mentalidade de Davi era de louco ou de iluminado.

Além de sua extraordinária atividade jornalística, publicou um relatório de viagem que fez de Teresina a Parnaíba, pelo rio do mesmo nome, e deixou inéditos "Tímidos Acentos", versos, e "Dicionário Histórico e Geográfico do Piauí".

Davi Moreira Caldas recebeu a justa denominação de O PROFETA DA REPÚBLICA - merecidamente. Louco ou iluminado, como escreveu o maranhense Viriato Correia, que pertenceu à Academia Brasileira de Letras?

Teresina comemorou festivamente o primeiro Centenário de Davi Caldas, em 1936. Bonita a solenidade no auditório da antiga Escola Normal, presidida pelo governador Leônidas Melo. Principais oradores: Higino Cunha, Arimathéia Tito e José de Abreu.


A. Tito Filho, 26/05/1988, Jornal O Dia

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