Uma espécie de colégio eleitoral escolhia três nomes para que o imperador do Brasil escolhesse um deles, e o escolhido seria senador vitalício, até morrer, ou enquanto o sujeito quisesse. Ao Piauí cabia um senador. O primeiro da escolha imperial se chamou Luís José de Oliveira Mendes, baiano, que ocupou a vaga até a morte, em 1851. O segundo foi Joaquim Francisco Viana, do Estado do Rio. Morreu em 1864.
Em terceiro lugar, escolha de Pedro II, assumiu João Lustosa da Cunha Paranaguá, piauiense, que seria depois marquês. Era íntimo do imperador.
Nascido em Parnaguá, 1821, faleceu no Rio de Janeiro, 1912. Formado em Direito pela Academia de Olinda (PE). Exerceu cargos na magistratura, aposentando-se com as honras de desembargador (1878). Governou as províncias do Maranhão, de Pernambuco e da Bahia. Representou o Piauí na Câmara dos Deputados (1850-1865) e no Senado (1865-1889). Foi ministro da justiça (1859) e da Guerra (1866), novamente da Guerra (1879), conselheiro de Estado (1979), e presidente do Conselho de Ministros (1882-83). Gozava da estima do imperador Pedro II, que o cumulou de distinções. Era vedor da Casa Imperial. Proclamada a República, retirou-se da política, presidindo, nos seus últimos anos de vida, o Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Brasileiro e a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. Também foi presidente da Comissão Diretora do 3º Congresso Científico Americano. Dignitário da Ordem da Rosa e comendador de Ordem Romana de São Gregório Magno. Visconde com grandeza por decreto de 18 de janeiro de 1882 e marquês por decreto de 13 de junho de 1888.
Quando estudante colaborou no "Filedeimon", de Olinda (PE), em que publicou "A Fonte e Causa da Riqueza" e "A Esperança" (1846). Deixou "Maranhão", relatório ao ministro do Império sobre eleição para senador naquela província (1859); "Reforma Hipotecária" (projetos e pareceres), 1860; "Reorganização do Exército", discurso, 1867; "Reforma da Lei de Execuções", 1884, além de vários discursos parlamentares.
João Pinheiro considerou-o notável político, jurisconsulto e orador. Afonso Celso escreveu sobre sua personalidade: "Despido das qualidades brilhantes que geram fanatismos e, igualmente, ódios ardentes, revelava um conjunto de dotes assaz apreciável e raro. Não ofuscava a ninguém, e ninguém, com justiça, tacharia de escandalosas as suas boas fortunas políticas. General, não despertaria o entusiasmo das tropas, nem as guiaria a feitos estrondosos, dos que dimana a glória, mas as levaria por estradas seguras, cordato e circunspeto, preferindo armistícios e negociações conciliadoras a arriscadas batalhas campais. Prudência, jeito, discernimento das ocasiões, savoir-faire, savoir-vivre, tomadas estas expressões no sentido favorável - eis os elementos dos seus triunfos" (Oito Anos de Parlamento).
A. Tito Filho, 24/07/1988, Jornal O Dia
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