(Este texto é a continuação deste)
O Maranhão tem igualmente contado com homens públicos de igual envergadura, como Pedro Neiva de Santana, de saudosa memória, e José Sarney, hoje na Presidência da República, que é como nós escritor e da Academia Maranhense de Letras e da Academia Brasileira de Letras.
As Academias de Letras têm um papel relevante na sociedade orientando a cultura dos povos, preservando nossas tradições mais altas do espírito humano. Desde o aparecimento dessas instituições, a cultura adquiriu maior ordenamento, sistematização e consciência. As academias são hoje repositórios de produção intelectual, de saber e de inteligência.
Poderíamos dizer que elas revolucionaram o conhecimento, imprimiram nova direção à cultura, acabando com o isolacionismo intelectual, com o individualismo, com o vedetismo. A instituição se impôs à individualidade, não para anulá-la, mas para melhor racionalizar o acervo cultural, que se encontra disperso.
As Academias serviram para ser palco de troca de idéias, de discussões, de debates. Foram essas casas de cultura que possibilitaram a manutenção e a permanência dos valores tradicionais da cultura.
A partir da década de 60, as novas gerações passaram a questionar as Academias de Letras, considerando-as esclerosadas, antiquadas e passadistas. O chamado "poder jovem", como eram intitulados os movimentos contestatórios dos anos 60, fizeram criticas radicais e ingênuas sobre as Academias.
As criticas foram recebidas com reservas por parte dos acadêmicos. Na verdade, esses questionamentos tinham algo de procedente, porque anunciavam uma nova era em que seriam criados os espaços culturais alternativos. As criticas em sí não eram justas, porque se tentava destruir uma tradição cultural, que as Academias defendem. A tradição jamais será enterrada pelas gerações. O novo surge na tradição. O novo e o antigo coexistem, interligando-se um ao outro, surgindo daí a grande síntese. Daí os equívocos, praticados pela juventude de então, no afã de mudar, de transformar e de revolucionar. Cada geração cumpre as tarefas históricas que lhe cabem no curso da vida. Esse conflito é necessário, saudável e proveitoso, desde que se estabeleça dentro de um clima criador e não de radicalização infantil.
A. Tito Filho, 26/08/1988, Jornal O Dia
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