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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

COMUNISTAS - II

Como relacionei no artiguete do último domingo, a polícia do Piauí só encontrou e prendeu 56 cidadãos, acusados e presos como comunistas. Eram homens dignos, jornalistas, operários, professores humildes, injustamente, com as famílias, no padecimento de vexames sem conta.

Três volumes compuseram o processo: as acusações policiais motivadoras da prisão de cada um, os documentos apresentados quer pela policia, quer pelos próprios detidos a bem dos seus direitos.

As principais peças se resumem no seguinte:

a) Instruções para guerrilhas, defesa e organização dos territórios conquistados - documento que José Melquiades Rodrigues confiou a Bernardo Henrique, que o entregou ao aparelho policial da cidade de Parnaíba.

b) Como devemos organizar os diretórios ilegais da Aliança Nacional Libertadora - documento que teve o mesmo curso do anterior.

c) Oito circulares da Aliança Nacional Libertadora, recebidas, conforme a informação oficial, por Odonel Leão da Rocha Marinho e José Vicente Murineli, obtidas pelo serviço de segurança - uma espécie de Dops desses tempos angustiosos.

d) Três exemplares do jornal "O Libertador", editado em Teresina para defender os interesses da Aliança Nacional Libertadora, dirigido por Odonel Leão da Rocha Marinho, que, por esse motivo, esteve processado pela Justiça Federal.

e) Quatro boletins e dois números do jornal "A Classe Operária", órgão do Partido Comunista do Rio de Janeiro.

f) Quatro números de "A Classe Operária", um boletim comunista e uma correspondência do Partido Comunista do Rio sobre atividades desenvolvidas.

g) Documento em poder de Raimundo Melquiades sobre a articulação dos comunistas de Teresina com os camaradas do Ceará e do Maranhão.

h) Declarações de Bernardo Henrique da Silva, antigo comunista em Parnaíba, e que, renunciando às idéias, passou a auxiliar das autoridades policiais e a denunciar os planos dos ex-companheiros.

i) Inquérito da policia sobre as atividades do professor Cunha e Silva, de Amarante, e apreensão de documentos (livros) na residência do acusado.

j) Inquérito policial em Parnaíba sobre atividades de prisioneiros e de foragidos.

A 28 de janeiro de 1936, o governador Leônidas Melo deu liberdade condicional a Cunha e Silva, Domingos Rodrigues do Nascimento, Francisco Fernandes de Sousa, Mário da Silva Lins, Raimundo Ferreira Magalhães, Antônio Neuson de Andrade, Luís Carvalho da Silva, João Lourenço Barbosa, Manuel Bernardo de Sousa, José Borges Filho, Antônio José da Silva, José Nonato e Raimundo Chagas Pinto, num total de 15. Conservaram-se em prisão 41.

OBS: No artigo de domingo capou-se o tópico em que citei os prisioneiros da polícia em Amarante: Francisco da Cunha e Silva e José Rodrigues Sobrinho.


A. Tito Filho, 27/09/1988, Jornal O Dia

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