Altevir Alencar nasceu nesta terra piauiense pelos idos de 1930 ou 1932, que esse negócio de idade só aborrece as mulheres. Andou por muitos lugares do Brasil sem que nunca esquecesse as origens. Ingressou no Exército, morou em Fortaleza. Tocou-se para o oeste, no Mato Grosso, e elegeu-se prefeito de Nioaque, município que depois se integraria no Mato Grosso do Sul, em cuja capital, Campo Grande, se fixou, depois de competentemente desfardado do verde-oliva. Quase bacharel agora. Amigo de governadores. Professor. Continua danado por rabo-de-saia, o que não quer dizer homem pecador mas virtuoso. Ano por ano visita Teresina, o seu xodó, para abraçar amigos e declamar poemas que ele sabe fazer. Oito livros de poesias já publicou, cada qual mais apurado de inspiração e técnica. Agora saiu o nono, numa cuidada edição da Academia Piauiense de Letras, sobre o qual eu escrevi uns comentários que não são ruins, e aqui reproduzo.
Altevir faz questão de dizer aos outros que foi meu aluno de português, e o professor atesta que se alegra e rejubila da circunstância, porque o discípulo nunca decepcionou o antiga lente. Estudioso, creu nas virtudes da leitura e do aperfeiçoamento da inteligência, e ei-lo bem dotado para a vida literária. A humanidade do nascimento e a pobreza financeira não lhe abateram ânimo e fé. Buscou vitórias valido da capacidade, simples, de correto companheirismo, alegre com os triunfos dos amigos e semelhantes. Sempre guardou profunda afeição aos pais, ao sítio natal e à gente do Piauí. Alma para o bem-querer e a doação aos outros. Esclareci que ele viajou os brasis por todos os pedaços do território imenso ora em farda militar, ora de roupa civil. Andou pelas selvas mato-grossenses. Fez-se líder de povos municipais. Sempre esteve fiel ao conhecimento, ao amor, à liberdade, às alegrias e aos tormentos do ser humano.
Nele convivem ainda o ator aplaudido pelos desafios e o prosador elegante, linguagem asseada, estilo de muita graça e louçania. Mas a poesia tem sido o cunho de sua vida de inteligência, uns dizem que de concepção clássica, nos limites bem fixados entre o parnasianismo e o simbolismo. Nele vejo, num momento de verdade, a noite, a sombra, pressentimento de amarguras infinitas, raios de lua, agonias de morte, frio do nada, névoas, rendas virginais, visões e lendas, vozes veladas, enfermidade e melancolias, a paisagem e o homem, a crença e a descrença, Deus e a maldade das criaturas, a vida, enfim resumida num clima estético de lirismo permanente, num ritmo musical próprio da tradição artística.
O trabalho agora editado tem o titulo de LIVRO DE SONETOS, composições em que o poeta se revela mestre aplaudido.
No fim de 1988, segundo me escreveu, voltará aos pagos natais. O filho vitorioso volta, advogado brilhante, a terrinha já desromântica, em tempo de violência.
A. Tito Filho, 23/06/1988, Jornal O Dia
Hoje pelo um soneto, dado de presente a mim por uma aluna. Apenas um,dois de quase 3 anos fui pesquisar sobre o autor do texto. Fiquei encantada.
ResponderExcluirAbraços.
Hoje pelo um soneto, dado de presente a mim por uma aluna. Apenas um,dois de quase 3 anos fui pesquisar sobre o autor do texto. Fiquei encantada.
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