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domingo, 13 de fevereiro de 2011

PALESTRA - I

Carlos Cunha é talento multiforme. Jornalista, educador, crítico literário, poeta, historiador, conferencista – e mais um título – e grande amigo do Piauí. Viria agora a Teresina para uma agradável convivência espiritual. Não lhe foi possível a viagem, mas mandou a bonita mensagem cuja publicação iniciamos hoje.

Muito cedo, aprendi a admirar e respeitar o Piauí e seu povo generoso e hospitaleiro. Aqui, tenho estado generoso e hospitaleiro. Aqui, tenho estado desde a minha juventude e vivido momentos inesquecíveis, verdadeiras páginas de saudade, desde os tempos de juventude.

Aqui, fiz grandes amizades, que têm se constituído em verdadeiros pedestais de lealdade e solidariedade humana. Poderia citar algumas dessas amizades, mas são tão grandiosas que me sinto constrangido em nomeá-las.

O povo piauiense me fascina e encanta pelo seu caráter autêntico, pela sua sinceridade, pela sua grandeza espiritual e pelas luzes de sua inteligência. E um povo superior, forjado no sofrimento que tem atormentado a todos nós nordestinos, tão discriminados perante esse imenso País, de cultura diversificada e complexa.

Piauí e Maranhão mantêm estreitos e profundos laços de amizade, realizando uma síntese criadora de suas culturas, costumes, valores morais, éticos, históricos e políticos. Piauí e Maranhão são gêmeos porque se identificam pela natureza marcada por contrastes e por diferenças às vezes incompreensíveis. Nossos povos têm em comum até a eclosão dos movimentos revolucionários. A Balaiada foi, por exemplo, uma revolta que uniu nossos povos que se insurgiram contra velhas formas de dominação política e social.

Nossa identificação assume uma dimensão transcendental na voz e no canto dos nossos poetas. Gonçalves Dias e Da Costa e Silva são frutos da mesma árvore. Suas inspirações emanam do Parnaíba, Velho monge.

Aqui, do outro lado do Parnaíba, nasceu o grande poeta e jornalista, Odylo Costa (filho) que produziu uma obra literária consistente e de valor extraordinário. O rio Parnaíba nos confunde e nos irmana, reduzindo-nos à unidade geográfica e sociológica. Odylo Costa (filho) foi um piauiense-maranhense, talvez, o maior exemplo que poderia dar, como resultado dessa fusão, que está acima das letras legais e das injunções políticas. Daí, Odylo Costa (filho), pertencer ao mesmo tempo às Academias Piauiense e Maranhense de Letras.

Seria fastigioso enumerar outros fenômenos que nos unem tão intimamente, mostrando que somos filhos da mesma mãe e do mesmo pai. Piauí e Maranhão ainda se aproximam pelos seus talentos no passado. Prefiro deter-me no presente. Hoje, temos no governo do Piauí um homem público competente e de sensibilidade indescritível, que é o governador Alberto Silva, que tem prestigiado as letras de sua terra.


A. Tito Filho, 25/08/1988, Jornal O Dia

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